"A situação é lamentável. É sempre lamentável a morte de um cidadão", afirmou o deputado do PSD António Prôa, que preside à 8.ª Comissão de Mobilidade, Transportes e Segurança na AML, responsável pela apreciação da petição "Entrecampos com mais segurança rodoviária e pedonal", apresentada em janeiro deste ano.
Por unanimidade, a AML aprovou um voto de pesar do Livre pela morte de um homem de 40 anos, "vítima de um atropelamento violento", em 27 de agosto, no cruzamento da Avenida das Forças Armadas com a Avenida 5 de Outubro, e um voto apresentado pelo PAN pela morte de um jovem de 21 anos, que foi atropelado quando atravessava uma passadeira, no domingo, na Avenida dos Estados Unidos da América.
Perante estas duas mortes, o presidente da 8.ª Comissão de Mobilidade, Transportes e Segurança na AML sublinhou o trabalho de apreciação da petição nesta área, com a audição dos peticionários e dos presidentes das juntas de freguesia de Avenidas Novas e de Alvalade, estando por agendar a audição à Câmara Municipal de Lisboa e referindo que os deputados estão empenhados em concluir o processo de análise e produzir um relatório neste âmbito.
António Prôa indicou que a 8.ª Comissão vai realizar uma visita ao local para "verificar a situação de insegurança que é referida na petição".
"Queremos concluir este processo e queremos contribuir para que a situação que ocorreu não volte a repetir-se na cidade de Lisboa", expôs o deputado do PSD.
A deputada municipal do Livre, Isabel Mendes Lopes, lamentou "as duas tragédias que aconteceram nas duas últimas semanas", referindo-se à morte de dois homens vítimas de "atropelamentos violentos" na zona de Entrecampos, "ambos atropelados por condutores que seguiam demasiado depressa".
"A sinistralidade rodoviária não é inevitável e pode ser combatida e pode ser eliminada, e é preciso que isto seja de facto uma prioridade para a cidade", declarou a eleita única do Livre na AML, defendendo a necessidade de reduzir a velocidade de circulação rodoviária.
"Um atropelamento a 70 km/h (quilómetros por hora) tem zero chances de sobrevivência, um atropelamento a 50 km/h tem chances de 1,5 em 10, mas um atropelamento a 30 km/h tem chances de sobrevivência de 9 em 10. Nunca vamos conseguir eliminar os embates e os atropelamentos, mas conseguimos eliminar a morte e os ferimentos graves que resultam do atropelamento", argumentou.
Isabel Mendes Lopes lembrou que o Livre apresentou há dois anos uma proposta pela redução da velocidade de circulação na cidade, que foi aprovada na Câmara Municipal de Lisboa, "mas não foi implementada".
"É hora de reduzirmos a velocidade de circulação em Lisboa, porque isso pode salvar vidas", reforçou a deputada do Livre, referindo que as medidas de acalmia de tráfego também contribuem para a qualidade de vida, com passeios mais largos, mais espaços verdes e retirada de obstáculos visuais e físicos dos passeios.
Do grupo municipal do PAN, António Valente lamentou as duas mortes na sequência de atropelamentos rodoviários e questionou o porquê de o executivo municipal, presidido por Carlos Moedas (PSD), "ignorar uma petição de moradores que há muito pede medidas de acalmia de tráfego".
"Nem mais uma pessoa deveria perder a vida por atropelamento na nossa cidade e urge mapear os pontos negros para os peões aplicarem medidas que evitem acidentes graves", sugeriu.
A petição "Entrecampos com mais segurança rodoviária e pedonal" pretende salvaguardar a segurança rodoviária, sobretudo para o peão, "na zona de Entrecampos e mais especificamente na Avenida das Forças Armadas, onde diariamente passam, em média, 17.000 carros, dos quais mais de 1.000 carros acima de 70km/h", segundo dados recolhidos ao longo de duas semanas, entre 29 de setembro e 13 de outubro de 2023.
De acordo com a Prevenção Rodoviária Portuguesa, entre 2010 e 2016, na Avenida das Forças Armadas, ficaram feridas 130 pessoas e morreram quatro vítimas de atropelamento.
"O excesso de tráfego e velocidade descontrolada dos automóveis têm de acabar. Os planos urbanísticos para Entrecampos, no âmbito da operação integrada, têm de defender as pessoas que aqui vivem, trabalham, estudam e circulam sem ser de automóvel", sublinham os peticionários, indicando que "no imediato há várias medidas urgentes a tomar".
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