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Patriarca quer Lisboa a acolher Encontro Mundial das Famílias em 2030

O patriarca de Lisboa, Rui Valério, gostaria de ver a cidade acolher em 2030 o Encontro Mundial das Famílias, evento que culmina com uma grande celebração eucarística com a presença do Papa.

Patriarca quer Lisboa a acolher Encontro Mundial das Famílias em 2030
Notícias ao Minuto

06:31 - 12/09/24 por Lusa

País Igreja

Em entrevista à Lusa quando assinala o primeiro ano como patriarca, Rui Valério expressou o desejo de voltar a ver o Papa na capital portuguesa e recordou que o manifestou numa missa recente com a presença de voluntários da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.

 

"Estava a dirigir-me na catedral a pessoas, nomeadamente aos voluntários [da JMJ], que eram muitos, que têm uma experiência de acolhimento. Lisboa tem neste momento o maior capital humano, não sei se estrutural também, para acolher eventos desta índole e desta natureza", afirmou.

Para já, admitiu, trata-se apenas de "um desejo, uma vontade".

"Agora, as ações que serão desencadeadas, eu devo dizer que tenho de dialogar acerca delas com as minhas equipas", afirmou Rui Valério, acrescentando que a sua vontade é que Lisboa apresente uma candidatura para receber o Encontro Mundial das Famílias em 2030.

O primeiro Encontro Mundial das Famílias aconteceu por iniciativa do Papa João Paulo II em Roma, em 1994, que fora declarado pelas Nações Unidas Ano Internacional da Família.

O XI Encontro Mundial das Famílias será realizado em 2028, em local ainda a definir.

Missionário monfortino, o patriarca, de 59 anos, falou também sobre o Sínodo dos Bispos, que termina em outubro no Vaticano, manifestando o desejo de que a Igreja saia fortalecida e seja "uma Igreja com capacidade imediata de passar do propósito, da intenção à ação".

"E, por outro lado, que seja capaz de caminhar com a colaboração e cooperação de todos", deseja Rui Valério que, em entrevista à agência Lusa, reconhece que "houve algo do sínodo que já entrou [no quotidiano], sobretudo aquela consciência para uma ação mais missionária de saída".

Para o patriarca, o sínodo convocado pelo Papa Francisco "está a ser muito favorecido pela nova cultura e pela nova mentalidade", pela apetência que há "para ver ação, para passar das intenções para o fazer, para a 'praxis'".

Com questões como o celibato dos padres, uma maior intervenção das mulheres na Igreja ou as uniões entre pessoas do mesmo sexo na ordem do dia, Rui Valério espera que "todos os grandes desafios ou as grandes questões fraturantes do presente (...) sejam abordados com a participação de todos".

E o desejo é que essa participação de todos seja aplicada no dia a dia pelos católicos: "Por exemplo, até aqui, normalmente, quando havia contextos onde era nítido e notório o espezinhamento da dignidade humana, ficava ao nível muito institucional o pronunciamento acerca dele. Talvez que, fruto do sínodo, exista uma mobilização de toda a comunidade crente para nos pronunciarmos sobre ele".

"A sinodalidade foi uma maravilhosa parábola, um milagre de aproximação. Aproximou a Igreja da sociedade e do mundo e, ao mesmo tempo, aproximou as pessoas, os cristãos mais de todo ser humano que habita este planeta", acrescenta Rui Valério.

Ainda administrador apostólico da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança, enquanto aguarda que o Vaticano nomeie o seu sucessor, Rui Valério mostra-se também muito atento aos conflitos a nível internacional, que são de "alguma preocupação".

"Estamos a falar de conflitos a acontecer em contextos que, do ponto de vista cultural, julgávamos que já tivesse sido assumido integralmente aquilo que são o 'abc' da cultura ética, mesmo em conflitos de guerra ou em conflitos de violência. O que não está ali a acontecer".

Sempre que civis, e sobretudo civis vulneráveis, doentes, crianças são vítimas propositadas desses ataques, significa que acabou qualquer princípio, acabou qualquer regra e isso é preocupante", afirma o patriarca de Lisboa.

A esperança pode vir de figuras como o Papa Francisco, que Rui Valério classifica como uma ponte.

"Ponte porque é alguém que não só põe em contacto as pessoas, que não só chega aos outros, mas através dele os outros chegam ao seu semelhante", sublinha o patriarca, para quem o Papa argentino "consegue colocar-se à altura de cada um dos seus interlocutores, de cada um dos seus destinatários".

Para Rui Valério, Francisco é um homem "profundamente apaixonado por Cristo, pela Igreja e pela Humanidade".

"Tem um amor genuíno a cada ser humano. Com uma capacidade e com uma força de ser capaz de oferecer a sua vida por cada um de nós", acredita o bispo da diocese de Lisboa.

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