Montenegro pode "aprimorar" contraproposta, mas cedência já foi intensa

O primeiro-ministro afirmou hoje que não ficou marcada nova reunião com o líder socialista, mostrando-se disponível para aprimorar a contraproposta mas avisando que a margem é cada vez mais reduzida tendo em conta a aproximação e cedência feitas.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
03/10/2024 20:56 ‧ 03/10/2024 por Lusa

País

OE2025

"Como tem dito o senhor Presidente da República, até ao último minuto devemos fazer o esforço máximo para a viabilização do Orçamento do Estado", respondeu Luís Montenegro aos jornalistas após a declaração na qual apresentou a contraproposta para as negociações do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) que tinha entregado ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, numa reunião esta tarde.

 

Rejeitando adotar "uma posição de ultimato", o primeiro-ministro avisou que "o nível de aproximação e cedência" que enunciou "é suficientemente intenso para que a margem seja cada vez mais reduzida".

Luís Montenegro garantiu que o Governo está disponível para "poder aprimorar" esta contraposta e respondeu que neste momento "não há mais nenhuma reunião marcada" com Pedro Nuno Santos.

"Estaremos disponíveis para poder dialogar com o PS sobre alguns aspetos que possam ser melhorados na perspetiva do PS", disse.

Apesar de haver diferenças entre a estratégia do Governo e a dos socialistas, para o chefe do executivo "há uma coisa que é igual para todos" que "é a preocupação com o futuro do país".

"É a preocupação em não criar instabilidade em cima das incertezas e das inquietações que nos vêm do exterior. É não prejudicar a vida das pessoas por jogos políticos", enfatizou.

Questionado pelos jornalistas sobre a duração da reunião -- a última durou uma hora e meia e a de esta tarde menos de 30 minutos - Montenegro considerou que essa é uma questão à qual não deve ser dada importância.

"É compreensível que a primeira reunião na qual o PS apresentou um conjunto de propostas tivesse tido como necessidade o aprofundamento das mesmas. Esta segunda reunião já foi feita em cima dessa proposta", justificou.

A segunda reunião entre o primeiro-ministro e o líder do PS sobre o Orçamento do Estado terminou esta tarde ao fim de menos de meia hora, tendo as declarações sido desta vez apenas de Luís Montenegro, enquanto, por hoje, Pedro Nuno Santos não falará.

Pedro Nuno Santos saiu da residência oficial do primeiro-ministro com uma pasta na mão pelas 19:10, depois de ter chegado pelas 18:40.

Depois de um debate quinzenal tenso entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro veio receber o secretário-geral do PS ao jardim da residência oficial, quando na semana passada tinha esperado por ele no cimo da escadaria, e cumprimentaram-se com um aperto de mão, idêntico cumprimento ao da despedida.

O debate quinzenal de hoje terminou com o primeiro-ministro a afirmar que, se o PS rejeitar um entendimento quanto à redução do IRC e ao IRS Jovem, então o melhor seria o Governo não ter começado.

Montenegro referiu ter ouvido Pedro Nuno Santos, que tinha o microfone desligado, comentar que "foi um erro" não ter aprovado uma moção de rejeição do Programa do Governo, e desafiou-o a assumir essa posição "em voz alta".

À saída do hemiciclo, o líder do PS acusou Montenegro de tratamento arrogante e de sobranceria impróprias de quem quer um acordo para o Orçamento e pretende evitar uma crise política com recurso a eleições.

Na sexta-feira passada, o primeiro-ministro e o líder do PS tinham-se reunido pela primeira vez para negociar o Orçamento do Estado para 2025, num encontro que terminou com posições aparentemente distantes mas sem rutura.

O Orçamento do Estado para 2025 tem de ser entregue na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento.

Na prática, só a abstenção do PS ou o voto a favor do Chega garantem a aprovação do OE2025.

[Notícia atualizada às 21h12]

Leia Também: Montenegro convicto de que "reflexão" do PS conduzirá à viabilização

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