"Fizemos história. É o projeto mais significativo na área da saúde em 2024", afirmou o cardiologista de intervenção responsável pela unidade, Marco Costa, durante a cerimónia que assinalou os 1.035 procedimentos na única zona sombra do país na área, onde não existia este tipo de resposta.
O médico, que lidera um grupo com mais de cem pessoas, entre as quais a da equipa interna, "em estado muito avançado de formação", e profissionais de todo o país que se deslocam à Covilhã, considerou que a unidade passou "a ser uma das melhores, senão a melhor do país, a este nível da angioplastia primária".
"De pior zona de Portugal, passámos a ser a melhor, porque o tempo de espera é muito rápido", vincou Marco Costa, segundo o qual a unidade tem neste momento "muitas ferramentas para o bom tratamento dos doentes", mas ambiciona ter mais.
O cardiologista adiantou não conhecer nenhum serviço de tratamento das obstruções coronárias que em oito meses tenha feito mil procedimentos, "entre os quais 200 urgentes".
O responsável da unidade que tem servido as populações dos distritos de Castelo Branco e da Guarda prevê terminar o ano com 1.500 procedimentos e 500 de urgência.
A enfermeira responsável, Dora Saraiva, adiantou que nos primeiros oito meses foram atendidos 720 doentes: 280 da Covilhã, 239 de Castelo Branco e 201 da Guarda.
A maioria apresenta problemas de hipertensão, 69% são homens, com uma média de 69 anos, enquanto as mulheres representam 31% dos utentes, com uma média de 73 anos.
"Temos aqui algumas diferenças em relação ao panorama nacional. Mais doentes hipertensos, com colesterol não controlado e temos também doentes mais idosos", sublinhou Marco Costa, que destacou a importância de ter este serviço de proximidade, sem que os doentes tenham de ser transferidos para outras zonas do país, porque "cada minuto conta" até se ser assistido.
O responsável acentuou a importância da formação da equipa e de "ensinar a pescar, para ter a autonomia necessária" no futuro.
O presidente do conselho de administração da ULS da Cova da Beira, João Casteleiro, frisou que os profissionais que trabalham na unidade são "quase uma seleção nacional", manifestou "gratidão" a quem tornou a unidade possível, após "muita persistência", e disse que os mil procedimentos são "um reconhecimento" aos que trabalham na equipa multidisciplinar.
"Não é uma unidade para a cidade nem para Castelo Branco, mas para a região e para o país", enfatizou.
O presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, que também assistiu à intervenção 1.035, disse que se estão "a salvar muitas vidas" e que, com a entrada em funcionamento do serviço, "fez-se justiça a uma zona sombra" no país.
A Unidade de Intervenção Cardiológica, que funciona todo o ano, 24 horas por dia, entrou em funcionamento em 01 de fevereiro e em julho foi reforçada, quando passaram a ser feitas aterectomias rotacionais, procedimento para tratar obstruções coronárias causadas por grandes quantidades de cálcio, consideradas essenciais para responder às necessidades dos utentes com angioplastias complexas.
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