Em declarações à Lusa, Tiago Gonçalves, da comissão de moradores, explicou que a iniciativa de hoje surge no seguimento "de vários protestos já realizados e nos convites de visita ao bairro feitas a Carlos Moedas [presidente da Câmara Municipal de Lisboa], à vereadora Filipa Roseta e ao próprio presidente da Gebalis, Fernando Angleu".
"Já que nenhum vai a Marvila, os moradores vão à praça do município. Os elevadores avariados são só uma face do problema. Há moradores em prédios de 14 andares, com mobilidade reduzida, que estão completamente isolados", afirmou.
Segundo o morador, além do problema com os elevadores, há "danos estruturais e infiltrações nos prédios e nas casas geridas pela Gebalis", a empresa pública que faz a gestão dos bairros municipais de Lisboa.
"Aquilo que apelamos é que, com urgência e a maior brevidade, as cerca de três dezenas de elevadores de 12 lotes do bairro do Condado, que estão avariados sejam reparados", disse Tiago Gonçalves.
No documento hoje entregue na Câmara Municipal de Lisboa, as comissões de moradores e utentes exigem a substituição a médio prazo dos elevadores "como única solução capaz e mais económica".
As comissões pedem também "a resolução das infiltrações das chuvas, das humidades e bolor" das casas, assim como a requalificação interior e das zonas comuns.
"Não vamos calar, nem ficar mais à espera. O abandono de Marvila tem de ter limites, tem de parar. Temos de ter direito à dignidade e à mobilidade nas nossas habitações", lê-se no documento entregue.
Ainda de acordo com o documento, muitos dos moradores "dependem de familiares e da solidariedade de vizinhos" para ter alguma mobilidade e satisfazer necessidades básicas.
"Temos de recorrer, também, aos bombeiros para realizar alguma deslocação mais premente ou para sermos retirados do interior de elevadores! É uma vergonha as condições em que somos obrigados a viver", lê-se ainda.
As comissões de moradores referem também a existência de "muitas casas municipais fechadas", algumas há quase "três anos", pedindo que sejam atribuídas às famílias que delas carecem.
A Lusa pediu esclarecimentos à Gebalis - Gestão do Arrendamento da Habitação Municipal de Lisboa, estando a aguardar resposta.
O plano de intervenção e reabilitação em 11 bairros municipais de Lisboa, com um investimento total de 40 milhões de euros até 2026, arrancou em junho do ano passado no Bairro dos Alfinetes, na freguesia de Marvila
Segundo indicou na altura a Gebalis, "a CML já manifestou que tem por objetivo aumentar de forma significativa o investimento no programa Morar Melhor com um novo contrato-programa".
Este plano de intervenção e reabilitação em 11 bairros tem "uma forte componente social, passando sobretudo pela manutenção e reforço da segurança da comunidade, assim como pelo necessário bem-estar geral da população", realçou a empresa municipal.
No Bairro dos Alfinetes, as obras pretendiam abranger um total de sete edifícios e 68 frações, com intervenções previstas nas coberturas e nas fachadas, para "oferecer ao edificado uma maior harmonia arquitetónica, segurança, conforto e melhores condições de habitabilidade aos residentes", apontou então a Gebalis.
Leia Também: Junta de Arroios apresenta queixa-crime contra ativista da SOS Racismo