Jorge Leitão é professor no Instituto Superior Técnico e investigador do Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB), na mesma instituição. O foco da investigação da sua equipa são os RNA não codificantes em bactérias. No entanto, não deixou de ver com bons olhos a entrega do prémio Nobel da Medicina a Victor Ambros e Gary Ruvkun, os dois cientistas norte-americanos que descobriram o microRNA.
O “início deste trabalho, no caso dos microRNA, foi há 20 anos”, disse, ao Notícias ao Minuto, Jorge Leitão, indicando que se tem assistido “uma revolução completa na área da Biologia, na forma de investigar e produzir conhecimento”.
O especialista diz que este é um tipo de “investigação bastante promissora no campo da saúde”. Porquê? A descoberta destas pequenas moléculas tem um grande “impacto”, porque “os microRNA podem ser usados ou têm um papel importante no desenvolvimento de doenças”, refere Jorge Leitão.
Muitas doenças estão associadas a uma “expressão anómala de determinados genes”, afirma o investigador. Por exemplo, o cancro, e outras situações que têm que ver com o envelhecimento - como o envelhecimento do tecido cardíaco ou até doenças de foro mental, como o Alzheimer - poderão ser combatidas “usando tecnologias em que são administrados determinados tipos de microRNA”.
Mas, afinal, o que é o microRNA?
São pequenas moléculas de RNA que têm um papel importante na genética dos genes. Segundo nos explicou Jorge Leitão, podemos dividir o RNA em dois grupos: os não codificantes - onde está inserido o microRNA - e os codificantes. Este último codifica proteínas (RNA mensageiro) e é onde se insere o RNA que foi usado para as vacinas do Covid-19 e que, em 2023, venceu o Nobel da Medicina.
A área de trabalho da equipa do investigador do iBB são os RNA não codificantes em bactérias, mas esta descoberta pode ter “ferramentas que nos auxiliam na investigação”, esclarece.
São “ferramentas poderosíssimas para se fazer a investigação neste campo” e “tudo isto radica no aprofundar o conhecimento básico, que é determinante e marcante nos avanços da ciência”.
Jorge Leitão refere ainda que “as bactérias começam a ficar muito resistentes e não há antibióticos para as combater”, não querendo dizer que “são melhores ou piores que outras”, apenas "são intratáveis".
Também as plantas contém RNA e são matéria de estudo de outras equipas de investigação.
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