O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, elogiou o secretário-geral do Partido Socialista (PS) pelo "grande sentido democrático" e pela "maturidade" ao anunciar que tenciona abster-se na votação do Orçamento do Estado para 2025, permitindo assim a viabilização do documento.
"O secretário-geral do Partido Socialista mostrou um grande sentido democrático em ter colocado a questão do Orçamento como colocou, dizendo que não vale a pena também especular em relação ao sentido de voto do Partido Socialista na especialidade, porque ele será no sentido da viabilização", afirmou aos jornalistas, à chegada para o último dia do Congresso do PSD, em Braga. "Tudo isto está a decorrer - como eu pensava e disse há uns meses - com grande sentido de maturidade democrática. Os portugueses devem estar satisfeitos pelos líderes máximos dos partidos políticos terem demonstrado esta maturidade."
Para a segunda figura do Estado, este consenso mostra que "a nossa democracia está viva, está sólida, e quando muitos perspectivavam que até iria haver crises institucionais, ela responde no sentido contrário". "Estamos a dar um bom exemplo" à Europa, conclui.
A solução encontrada é também, na sua ótica, "importante para que os portugueses vejam resolvidos os seus problemas".
"Desejo que este consenso e este sentido de prioridade ao interesse público possa acontecer noutros temas como, por exemplo, a Justiça. Era bom que pudéssemos também encontrar consensos desta dimensão para a Justiça", defendeu ainda, deixando claro estar a falar em seu nome, e não em nome do líder do PSD.
José Pedro Aguiar-Branco, que assiste este domingo, em Braga, à sessão de encerramento do Congresso Nacional do PSD, esclareceu que "não era adequado fazer uma intervenção política", tendo em conta o cargo que agora ocupa, mas também não seria "adequado" ignorar o facto de ser membro do partido.
"Toda a gente sabe que eu sou militante do PSD, fui eleito nessa qualidade para Presidente da Assembleia da República, e acho que o ponto de equilíbrio correto é vir à sessão de encerramento. Não fiz nenhuma intervenção, que é habitual eu fazer em todos os congressos", explicou.
Ainda assim, garante ter estado atento às mensagens passadas no Congresso, como aliás refere fazer com outros partidos, porque "as instituições partidárias são importantes numa democracia" e "devemos valorizar estes momentos em que os partidos políticos falam para a sociedade".
"As pessoas sabem que sou militante do PSD, não pauto as minhas presenças por calculismo ou oportunismo político", rematou ainda o social-democrata.
Sobre o facto de se ter falado em eleições presidenciais no primeiro dia de congresso, Aguiar-Branco defendeu que essa discussão deve fazer-se "no momento próprio", que não agora, já que, antes disso, há eleições autárquicas.
Questionado sobre se pondera alinhar-se nessa corrida a Belém, afirmou que "se respondesse a essa pergunta", estaria, "ainda que de forma indireta, a contribuir para que o debate das Presidenciais se fizesse agora".
Recorde-se que José Pedro Aguiar-Branco foi eleito a 27 de março passado presidente da Assembleia da República com 160 votos a favor. Aguiar-Branco foi eleito à quarta tentativa depois de PS e PSD terem anunciado um acordo que prevê que os sociais-democratas presidirão ao parlamento nas primeiras duas sessões legislativas, até setembro de 2026, e os socialistas indicarão um candidato para o resto da legislatura.
[Notícia atualizada às 13h36]
Leia Também: Aguiar-Branco em Braga na sessão de encerramento do congresso do PSD