Em declarações à Lusa, o presidente da associação, Luís Canária, afirmou não compreender as razões em não se dar melhores condições aos técnicos do INEM, que estão em greve às horas extraordinárias desde 30 de outubro, optando-se por colocar enfermeiros nos CODU.
Luis Canária criticou que se escolha "sobrecarregar os enfermeiros, que fazem falta nos hospitais e noutros sítios".
Na sua opinião, esta medida não vai melhorar a qualidade, sendo uma falácia completa: "Precisamos é das pessoas nos sítios certos e os Técnicos de Emergência Pré-hospitalar são os principais responsáveis pelo socorro na rua, treinados para uma panóplia de coisas que nenhum médico e enfermeiro aprende, nomeadamente operações de resgate, socorro ou condução de emergência", afirmou.
O INEM anunciou quarta-feira medidas de contingência para otimizar o funcionamento dos centros de orientação de doentes urgentes (CODU), como a criação de uma triagem de emergência para chamadas com espera de três ou mais minutos, no âmbito de uma estratégia para melhorar a resposta na sequência dos atrasos de atendimento das chamadas no CODU que, alegadamente, causaram a morte a pelo menos seis pessoas.
O INEM anunciou também, a curto prazo, a integração de enfermeiros nos CODU para realização de determinadas funções e rever os procedimentos relativos à passagem de dados das equipas de emergência no terreno.
Luís Canária disse que a greve exacerbou e pôs a nu a carência de profissionais nos CODU porque o que tem acontecido no passado era que, se faltavam ambulâncias e profissionais nas ambulâncias do INEM, o problema tentava ser camuflado com recurso aos bombeiros e Cruz Vermelha.
"A nossa visão sempre foi regionalizar e descentralizar a chamada no imediato: se não atende no primeiro minuto ou no segundo, essa chamada é imediatamente reencaminhada para as centrais de proteção civil daquele distrito ou daquela região, ou inclusive para o próprio corpo de bombeiros de onde está a ser feita aquela chamada para que, podendo não ter uma triagem tão eficiente como se fosse um técnico a fazê-la, consegue acorrer a uma situação", argumentou.
Segundo Luís Canária, o que está a acontecer atualmente é uma sobrecarga nas centrais, com dificuldade de atendimento, pois mesmo havendo ambulâncias do corpo de bombeiros ou viatura médica daquele hospital disponível, a chamada tem demorado 20, 30 ou 50 minutos, em alguns casos.
Depois de uma reunião com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, onde foi assinado um protocolo negocial com a tutela, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) decidiu hoje à tarde suspender a greve às horas extraordinárias, para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais.
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