A posição é assumida por Marcelo Rebelo de Sousa no prefácio de um livro que reproduz uma entrevista televisiva do ex-Presidente Ramalho Eanes, da autoria da jornalista da RTP Fátima Campos Ferreira, quando já passaram 50 anos da Revolução dos Cravos.
Apesar do elogio à "impressiva qualidade jornalística" do trabalho desenvolvido por Fátima Campos Ferreira, Marcelo adverte logo no início do seu prefácio: "O Homem, O Chefe Militar e o Estadista não cabem mesmo na mais cuidadosa, extensiva e envolvente entrevista televisiva".
O atual chefe de Estado justifica a afirmação com a "própria natureza da entrevista televisiva", mas também com os "limites temporais que comporta" e pelo "conteúdo abordável, sempre aquém do que poderia ser pensado, conjeturado ou esperado".
Marcelo defende que os portugueses "nunca separaram e nunca separarão" o que votam a António Ramalho Eanes e à sua mulher, Manuela, designadamente quanto à certeza de que, nos últimos 50 anos, essas "duas personalidades tutelares os acompanham".
"Desse sentimento, tão simples, mas tão profundo, nasce um elo inquebrantável, que dá força à nossa Democracia, e, mais do que isso, dá força a Portugal", salienta.
O Presidente da República considera que "seria impensável" deixar passar 50 anos do 25 de Abril sem ouvir Eanes, um homem com um percurso "longo, diversificado, elucidativo e inspirador" de um homem que reunia à sua vida castrense, à vivência da Revolução a "experiência exclusiva do Chefe de Estado nos dez essenciais primeiros anos" do caminho para a democracia.
O livro, de 230 páginas e com a chancela da Porto Editora, junta a entrevista concedida há dois anos com fotografias do ex-Presidente em momentos tão distintos como a lidar com a sua coleção de relógios de bolso, a cavalo com os filhos na Arrábida, no dia do seu casamento ou no tejadilho de um carro em plena campanha eleitoral das presidenciais de 1976.
Ramalho Eanes foi Presidente da República entre 1976 e 1986, comandou as operações militares do 25 de Novembro de 1975, presidiu a administração da RTP entre setembro de 1974 e março de 1975, após uma longa carreira militar com comissões de serviço em Goa, Macau, Moçambique, Guiné e Angola.
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