Luís Montenegro falava em conferência de imprensa, no final da cimeira do G20 no Rio de Janeiro, cujos trabalhos Portugal integrou pela primeira vez como observador a convite da presidência brasileira.
"Combate à pobreza, combate à fome, aposta em maior soberania alimentar como condição para podermos ter mais igualdade, a contribuição para aproveitarmos o potencial da inteligência artificial, a preservação do clima, a responsabilidade que temos para com as futuras gerações, foi uma presidência que teve êxito, que teve sucesso", afirmou, felicitando o povo brasileiro e o Presidente Lula da Silva.
Montenegro desejou também felicidades à futura presidência do G20, a África do Sul, salientando que é no continente africano que se colocam de forma mais premente os desafios colocados na reunião pelo Brasil.
No balanço da participação de Portugal, o primeiro-ministro considerou que o país esteve sempre na "linha da frente" para que as conclusões da reunião pudessem "não só ser o mais consensuais, mas também o mais profícuas possível para os próximos anos".
Além de integrar, como país fundador, a Aliança para o Combate à Fome e à Pobreza lançada pelo Brasil, Montenegro destacou a participação hoje, num encontro à margem dos trabalhos, com países como o Brasil, a Espanha, a Índia, a Itália e a Organização Mundial de Saúde sobre a utilização da inteligência artificial.
"É nosso propósito dotar a nossa administração pública dos instrumentos que a inteligência artificial nos proporciona para podermos ser mais eficazes a responder às solicitações dos cidadãos e também às solicitações das empresas", disse, considerando que a cooperação hoje estabelecida é um instrumento importante de partilha de soluções.
O primeiro-ministro português salientou ainda a intervenção que fez na terceira e última sessão de trabalho do G20, dedicada às alterações climáticas e à transição energética, na qual disse ter partilhado o Plano Nacional para o Clima e a Energia e as metas do país para atingir a neutralidade carbónica até 2045, até 2030 conseguir uma redução de 55% das emissões face ao valor de 2005, bem como, até o final da década, poder ter 51% de energia renovável no consumo geral de energia em Portugal.
Neste tema, Montenegro disse ter havido curiosidade sobre o programa de Portugal de converter a dívida de alguns países no âmbito da cooperação externa em investimento climático, "na produção de ganhos, na proteção do ambiente e na promoção de energias renováveis".
"Já está em funcionamento com Cabo Verde, está em vias de se começar a implementar também em São Tomé e Príncipe, e creio que a experiência que tive a ocasião de transmitir pode ser uma inspiração para que outros países no âmbito também das suas políticas de cooperação externa", afirmou.
Montenegro disse ter ainda reiterado, perante os membros e países convidados do G20, a posição do governo português em colaborar "com todas as iniciativas no domínio da transição climática e energética associadas à preservação dos oceanos, da biodiversidade marítima".
"Temos todo o interesse em aprofundar, como temos vindo a fazer com outros países, as formas de podermos, por um lado, preservar a biodiversidade marítima e, por outro lado, também aproveitar as oportunidades que no mar se abrem para a produção de energia", afirmou.
Portugal participou durante este ano em mais de 100 reuniões do G20 a convite do Brasil, a nível ministerial e nível técnico, culminando com a cimeira de chefes de Estado e de Governo, no Rio de Janeiro.
Os membros do G20 -- EUA, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, Índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia e, ainda, a União Europeia e a União Africana -- representam as maiores economias, cerca de 85% do Produto Interno Bruto mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
Leia Também: Montenegro espera que avisos de Putin sejam "apenas ameaças de retórica"