O exercício ibérico "LOBO24" terminou hoje e decorreu no território raiano de Mogadouro, no distrito de Bragança, e Fermoselle, na província espanhola de Castela e Leão, onde os militares ligados ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR e do Serviço de Protección de la Naturaleza (SEPRONA) da Guardia Civil criaram cenários reais de atentados contra o meio ambiente como os incêndios florestais, o uso abusivo de água em região de seca ou atentados contra a fauna e flora e o uso de gases que provocam efeitos de estufa.
Em declarações à Lusa, o coronel da GNR, Jorge Amado, disse que Portugal e Espanha têm estruturas muito semelhantes em termos de serviços de proteção ambiental, sendo importante que estas duas forças policiais treinem e aperfeiçoem os procedimentos e técnicas que se aprendem nos cursos de especialização dos militares.
"Este exercício operacional em cenário real, levado a cabo pela primeira vez na fronteira ibérica, teve quatro incidências que se desmultiplicaram em muitos outros cenários e que levaram a um treino operacional entre as duas entidades, para uniformizar procedimentos em termos de legislação, dos diversos ilícitos praticados que possam surgir a nível ambiental nos dois países ibéricos", explicou.
Para a GNR, os programa europeus "Life" para a proteção da fauna e flora, os incêndios florestais, que têm impacto nos ecossistemas florestais com a consequente destruição dos habitats da fauna ibérica.
O impacto dos venenos colocados no terreno para eliminação de predadores como os lobos ou as aves de rapina, que acabam por morrer, comprometendo toda a proteção da fauna selvagem através das cadeias alimentares.
"Temos equipas especializadas do SEPNA e do SEPRONA, nas áreas protegidas do Douro Internacional e das Arribes del Duero para fiscalizar e atuar nesta vertente dos venenos prejudiciais para a fauna a fauna nesta zona de fronteira. Para além situações que envolvem venenos, foram ainda treinados cenários de libertação de gases nocivos que provocam efeito de estufa", indicou Jorge Amado.
Outro dos alertas é o transporte de madeira de pinheiros que a GNR quer ver controlada em ambos os lados da raia portuguesa com Espanha, através de ações de fiscalização.
Já o segundo comandante da SEPRONA da Guardia Civil espanhola, Júlio Serrano, explicou que este exercício deu a oportunidade de as duas forças de segurança trabalharem em conjunto em situações decorrentes ao longo de toda a fronteira entre os dois países.
"Temos de aprender uns com os outros. (...) No futuro temos de demonstrar as nossas forças e debilidades para haver uma melhor cooperação nas nossas missões", indicou o responsável da SEPRONA.
Para a Guadia Civil, os maiores atentados ambientais na península ibérica são os incêndios florestais, o uso indevido da água para fins agrícolas ou outros que não são autorizados.
"Todos os anos temos milhares de incêndios que são provocados por incendiários para tirar benefícios por vários motivos. Há também outro crime muito associado às alterações climáticas, que é a extração ilícita de água, porque a península ibérica nas regiões a sul que não tem estes recursos em abundância, sendo o uso não autorizado, outro grande problema", vincou Júlio Serrano.
Durante o exercício "LOBO24" pretendeu-se, ainda, avaliar os processos de planeamento e condução de exercícios, integrando as melhorias identificadas em outras ações conjuntas anteriores, e obtendo experiência para desenvolver os processos encadeados de investigação ambiental enquanto polícias ambientais de ambos os países.
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