Instituto tem 42 milhões para melhorar rastreios de cancro e SNS

As equipas de investigação do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular (GIMM) terão nos primeiros seis anos 42 milhões de euros só para desenvolver soluções para aplicar em problemas de saúde como, por exemplo, o rastreio dos cancros colorretal e da mama.

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Lusa
23/11/2024 06:34 ‧ 23/11/2024 por Lusa

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Cancro

O GIMM Care é um dos dois grandes programas de investigação do GIMM, que nasceu da fusão do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e Instituto Gulbenkian de Ciência.

 

Em entrevista à Lusa, a diretora executiva do GIMM, a cientista Maria Manuel Mota, explica como o GIM Care pretende fazer a ponte entre a descoberta a e a aplicação prática, reduzindo o tempo entre o aparecimento soluções inovadoras de saúde e sua aplicação prática. A intenção é que estas soluções fiquem disponíveis no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"Estas equipas são muito mais do que investigadores. É muito mais transdisciplinar. Temos investigadores, mas também temos pessoas da logística a dizer como é que a solução poderia ser aplicada", explicou a responsável, sublinhando que estas equipas trabalham por missões.

Ao contrário das equipas de investigação do programa GIMM Descoberta, em que o espírito é o da "paixão pela investigação" e os cientistas são "absolutamente livres" para a sua investigação, as do programa GIMM Care têm um espírito de missão.

"O trabalho aqui baseia-se em missões, para as quais a ciência já tem descobertas muito importantes e que nós poderíamos em conjunto (...) criar soluções para chegar à população", acrescentou.

Como exemplo de "missões" em que as equipas já trabalham, Maria Manuel Mota aponta o cancro colorretal -- "número um em incidência e mortalidade em Portugal" -- , cujo peso negativo se pretende reduzir, por exemplo, melhorando os rastreios.

"É um cancro completamente evitável, quando descoberto a tempo", lembra a investigadora, recordando: "nenhum país, por mais rico que seja, consegue fazer colonoscopias a todos os seus cidadãos a partir dos 50 anos".

Para ajudar a melhorar o método de rastreio, os investigadores do GIMM, com a experiência obtida com os testes desenvolvidos durante a pandemia, querem ajudar o SNS a levar a mais gente o teste do sangue oculto nas fezes, já usado como rastreio do cancro colorretal, melhorando-o e tornando-o mais "low-cost": "A Holanda conseguiu atingir 80% da população, de dois em dois anos, é isso que nós devemos atingir".

"Temos um rastreio que não chega a grande parte da população", lembra Maria Manuel Mota, acrescentando: "Obviamente, o Serviço Nacional de Saúde é uma peça chave para que este tipo de missões tenham sucesso"

Além do cancro colorretal, o GIMM Care está igualmente focado no cancro da mama, sobretudo nos mais jovens, surgindo cada vez mais em mulheres abaixo dos 40 anos.

Neste caso, como o rastreio (mamografia) implica uma exposição a radiações, lembra que deve haver uma priorização de quem precisa fazer o rastreio: "o objetivo é estar sempre em diálogo com a sociedade, não por alarmismo, para dizer as soluções que existem e como as podemos usar".

Leia Também: Investigadora quer antecipar rastreios do cancro colorretal e da mama

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