Numa audição na Comissão da Agricultura e Pescas, o ministro disse que foi "ontem [quinta-feira] detetado, pela primeira vez, numa exploração de bovinos um animal positivo com serotipo oito", sendo que a exploração em causa detém 48 animais, detalhou.
"Já foi definida a zona de restrição" e determinada vacina voluntária, assegurou, estando as autoridades a trabalhar para obter a vacina para este serótipo.
O ministro assegurou, perante críticas dos deputados, que o Governo atuou o mais depressa possível desde que foi detetado o atual surto, em setembro, lembrando que nem sempre é fácil obter as vacinas necessárias.
"A vacina de serotipo três ainda não tem autorização comercial", recordou. "Não vamos impor uma vacina obrigatória que não tem autorização comercial", assegurou, depois de instado a responder a questões nesse sentido.
O Governo não irá ainda impor a vacina "se ela não estiver disponível", referiu, adiantando que "se existir tem de ser a preços acessíveis e haver disponibilidade", lembrando que o Governo já alocou um milhão de euros até ao final do ano para financiar a vacinação.
O Governo vai ainda lançar um plano de desinsetização a partir de março, com uma duração de oito meses, disse o ministro, para combater a doença, transmitida por mosquitos.
José Manuel Fernandes recusou ainda atrasos na recolha de animais mortos e lembrou as verbas atribuídas a esta questão, sendo que vários deputados denunciaram que não estavam a chegar ao terreno.
O ministro lamentou ainda o estado dos seguros em Portugal nesta área. "Temos um mercado de seguros agrícolas que não é bom em Portugal", referiu, apelando ainda a alterações europeias nos apoios a catástrofes.
A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos.
Em Portugal estavam a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3, detetado, pela primeira vez, em 13 de setembro.
No que diz respeito ao serotipo três, os últimos dados, reportados ao final de outubro, indicam que foram contabilizadas 41 explorações de bovinos afetadas e 102 animais, sem mortalidade.
No caso dos ovinos, somam-se 238 explorações, 11.934 animais afetados e 1.775 mortos.
Por distrito, destacam-se Évora, com 90 explorações afetadas, e Beja, com 76, seguidos por Setúbal (48) e Portalegre (20).
[Notícia atualizada às 18h50]
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