"Em média, um em cada dois docentes teve uma hora extraordinária adicionada ao seu horário de trabalho", revelou hoje o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, baseando-se no levantamento feito em 203 agrupamentos de escolas de todo o país, que representam 25,1% da totalidade de estabelecimentos de ensino.
Por detrás desta média, estão realidades como a do Agrupamento de Escolas de Ericeira que atribuiu 371 horas extraordinárias ou o Agrupamento de Escolas de Aveiro que deu 294 horas extraordinárias, segundo o levantamento da Fenprof.
"Os professores foram sobrecarregados com mais de 60 mil horas extraordinárias só no primeiro trimestre de aulas", disse Mário Nogueira, alertando que "isto está a levar muitos colegas a entrar num processo de exaustão sendo possível que alguns destes colegas entrem em situação de baixa a meio do ano letivo".
Mário Nogueira lembrou ainda que estes números dizem respeito apenas "às horas extraordinárias assinaladas no horário, porque muitas escolas usam e abusam da vida dos professores. Os professores têm um horário com toda a atividade que lhes está atribuída, na ordem das 50 horas semanais", disse.
"Em Aveiro ou em Sintra, há agrupamentos de escolas com serviço extraordinário atribuído a mais de 50 docentes", disse, alertando para o facto de esta ser uma realidade que irá crescer, tendo em conta o número de aposentados.
Este ano civil, aposentaram-se quase quatro mil professores e para o ano "as saídas manter-se-ão elevadas", prevendo-se já a saída de 374 docentes só em janeiro de 2025.
Além disso, a Fenprof alertou ainda para o recurso "abusivo a vínculos precários", tendo em conta que quase metade (45,4%) dos professores colocados até 13 de dezembro através da Contratação Inicial (CI) e das Reservas de Recrutamento (RR) ocuparam horários anuais e destes 78,8% eram horários completos.
"Estes números confirmam que se continua a recorrer abusivamente a docentes com vinculo precário para satisfazer necessidades permanentes das escolas", acusou.
[Notícia atualizada às 14h49]
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