Humans Before Borders classifica operação no Martim Moniz como racista

O Coletivo HuBB - Humans Before Borders repudiou hoje a operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, considerando que se tratou de um ataque de cariz racista aos migrantes que frequentam aquela zona da cidade.

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© Câmara Municipal de Lisboa

Lusa
20/12/2024 08:20 ‧ há 6 horas por Lusa

País

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Em comunicado, o movimento, que junta voluntários que lutam pelos direitos dos refugiados e migrantes, considera que a operação policial, que bloqueou a Rua do Benformoso e "encostou dezenas de residentes e transeuntes à parede" não é uma situação isolada.

 

"Esta operação acontece como apenas a última de uma série de agressões por parte das autoridades portuguesas a pessoas migrantes e em situação de sem-abrigo naquela zona da cidade, das quais se destacam a operação de fiscalização da PSP e ASAE com o objetivo alegado de 'combater a perceção de insegurança entre os cidadãos' e as várias remoções de tendas ao longo da Avenida Almirante Reis", escreve o movimento.

Considera que se trata de "mais um ataque aos direitos de migrantes em Portugal por parte de um governo que, desde que tomou posse, insiste em colar a migração à criminalidade".

O ativista do Coletivo HuBB Miguel Duarte, citado no comunicado, considera que esta tentativa de relacionar a migração à criminalidade "é uma mentira descarada" e "não é inocente".

Estas operações "não passam de performances de crueldade com o objetivo de aliciar o eleitorado da extrema-direita", sublinha.

Marta Bernardo, também ativista da HuBB, sublinha na mesma nota que tratar estas pessoas como suspeitas "retira-lhes a dignidade, despe-lhes o rosto e desumaniza-as".

"Vem também mostrar, mais uma vez, em plena luz do dia, a crescente violência estrutural levada a cabo pelos serviços de segurança pública, particularmente para com a população migrante", acrescenta.

O colectivo HuBB - Humans Before Borders exige ainda o fim deste tipo de "manobras discriminatórias", considerando que "agravam o estigma contra pessoas migrantes que se faz sentir na sociedade portuguesa".

A operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) da PSP esclarece que foram detidas duas pessoas: uma por posse de arma proibida e droga e outra que era suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

A operação foi acompanhada por uma procuradora da República e foram cumpridos seis mandados de busca não domiciliária.

O enorme aparato policial na zona levou à circulação de imagens nas redes sociais, nas quais se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.

Questionada a porta-voz do COMETLIS, a subcomissária Ana Raquel Ricardo, sobre esta questão, explicou que uma "operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas" que por ali circulem.

A mesma responsável referiu que o contingente empregue "foi o necessário" para uma operação deste tipo, sem, contudo, revelar o número de profissionais envolvidos.

Segundo a PSP, participaram nesta operação meios das Equipas de Intervenção Rápida (EIR), das Equipas de Prevenção e Reação Imediata, de trânsito e à civil -- investigação criminal e fiscalização.

Leia Também: PSP fez duas detenções no Martim Moniz. "Manter a ordem e paz"

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