Cinema português com pelo menos uma dezena de estreias marcadas para 2025

Pelo menos uma dezena de filmes portugueses está já no calendário de estreias nos cinemas nacionais em 2025, entre os quais 'On Falling', de Laura Carreira, e 'Camarada Cunhal', de Sérgio Graciano.

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Lusa
30/12/2024 12:44 ‧ há 2 dias por Lusa

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De acordo com dados reunidos pela agência Lusa, fornecidos por distribuidoras e produtoras, a 23 de janeiro estreia-se 'Banzo', de Margarida Cardoso, uma ficção de época passada em 1907 algures numa ilha tropical africana, que retrata a relação violenta entre colonos portugueses e negros em trabalho escravo.

 

No filme, Carloto Cotta interpreta um médico da metrópole, enviado para a ilha, para curar um grupo de escravos negros, embarcados à força para plantações e que estão a morrer por causa de uma profunda tristeza.

'O que eu tento fazer no filme é um pouco relembrar que a violência está em todo o lado: a forma como as pessoas comunicam, as ligações de poder, não só entre negros e brancos, mas também entre os portugueses pobres e os que têm poder. É uma coisa muito feudal', afirmou Margarida Cardoso à Lusa em maio passado, quando o filme passou no festival no IndieLisboa.

'Banzo', produzido por Uma Pedra no Sapato, conta ainda no elenco com Hoji Fortuna, Matamba Joaquim e João Pedro Bénard.

A 30 de janeiro estreia-se 'Noites Claras', filme do realizador e investigador Paulo Filipe Monteiro, produzido pela Ukbar Filmes.

"O filme conta a história de dois irmãos -- Lídia e Lauro -, num momento em que ambos se redescobrem, enfrentam os seus problemas e passam por uma transformação interior profunda", refere a sinopse.

O elenco integra Beatriz Godinho, Duarte Melo, Romeu Runa, Lídia Franco e António Durães, entre outros atores.

Em fevereiro, no dia 20, chega aos cinemas o filme 'Longe da Estrada', de Hugo Vieira da Silva, correalizado com Paulo MilHomens e produzido pela Leopardo Filmes.

Adaptado de textos do médico e poeta francês Victor Segalen, o filme "é uma sublime visão da obra, vida e contradições do grande pintor Paul Gauguin e uma análise moderna da relação entre colonizadores e colonizados", descreve a produtora.

Depois de ter sido premiada em Espanha, Grécia e Reino Unido, 'On Falling', a primeira longa-metragem de ficção da realizadora portuguesa Laura Carreira, tem estreia marcada em Portugal a 27 de março.

Em 'On Falling', a figura central é Aurora, uma jovem mulher portuguesa emigrada na Escócia, que trabalha num armazém, num trabalho monótono, precário e profundamente desumanizado, e se depara com dificuldades em subsistir mensalmente e em socializar, numa casa partilhada com outros imigrantes.

'On Falling' foi já exibido e premiado em vários festivais, nomeadamente no de San Sebastián (Espanha), no de Londres e no Festival de Salónica, na Grécia, onde Joana Santos venceu o prémio de melhor atriz.

Para 24 de abril está já marcada a estreia de 'Camarada Cunhal', novo filme de Sérgio Graciano, de pendor biográfico, produzido pela SkyDreams, à semelhança de 'Soares é fixe' e 'Salgueiro Maia -- O implicado'.

Neste, o protagonismo vai para o político Álvaro Cunhal, interpretado pelo ator Romeu Vala, e para um período particular em ditadura, durante o qual o líder histórico do PCP esteve detido, e em que planeou a fuga do Forte de Peniche.

Em abril, embora ainda sem data, deverá estrear-se 'Portugueses', um musical de Vicente Alves do Ó sobre democracia e liberdade, interpretado por 50 atores e atrizes.

De acordo com a produtora Ukbar Filmes, o filme celebra o 25 de Abril de 1974, "olhando para os próximos 50 anos de Democracia, promovendo uma reflexão essencial e urgente sobre a importância da Liberdade e da justiça social em qualquer sociedade".

O musical inclui mais de uma dezena de temas "que são parte do cancioneiro nacional, que se transformaram em ação e derrubaram uma ditadura", como 'Que força é essa', de Sérgio Godinho, 'Canção do Soldado', interpretada por Adriano Correia de Oliveira, e 'Grândola Vila Morena', de José Afonso.

A 29 de maio estreia-se 'Sonhar com leões', uma comédia negra do realizador português Paolo Marinou-Blanco, produzida pela Promenade, e que aborda a eutanásia.

O filme cruza os caminhos de duas pessoas que desejam morrer: Gilda, que já tinha tentado o suicídio, e Amadeu, que tem uma doença terminal.

Os papéis são interpretados pela atriz brasileira Denise Braga e pelo ator português João Nunes Monteiro, a quem se juntam ainda, no elenco, Victoria Guerra, Joana Ribeiro, Dinarte de Freitas e Sandra Faleiro, entre outros.

Também com produção da Promenade e de Manilha Filmes, a 19 de junho chega aos cinemas 'Hotel Amor', comédia do realizador Hermano Moreira, brasileiro radicado em Portugal.

"Quando o hotel onde a 'workaholic' Catarina trabalha e´ vendido, ela deve demonstrar a sua compete^ncia a comandar funciona´rios nada profissionais, atender aos caprichos dos exce^ntricos ho´spedes e lidar com fantasmas do passado trazidos pela visita de um amigo inesperado", lê-se na sinopse.

Catarina, a gerente do hotel, é interpretada por Jessica Athayde, à frente de um elenco que inclui ainda Júlia Palha, Margarida Corceiro, Vera Moura, Lucas Dutra e Francisco Froes.

Para 14 de agosto está marcada a estreia de 'Pátio da saudade', uma comédia musical de Leonel Vieira sobre o teatro de revista. Sara Matos e José Raposo fazem parte do elenco.

No panorama do cinema lusófono, assinala-se a estreia, a 16 de janeiro, de 'Ainda estou aqui', o filme brasileiro de Walter Salles, inspirado no livro autobiográfico de família do autor Marcelo Rubens Paiva.

A história trata da relação do autor com sua mãe, Eunice Paiva, uma advogada que se tornou ativista política na sequência da prisão e desaparecimento do seu marido, pela ditadura militar brasileira (1964-1985), o que acabou por a levar também à prisão, com uma das suas filhas.

O filme, protagonizado por Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro, está nomeado para os Globos de Ouro e também está na corrida para os Óscares.

No dia 30 de janeiro, chega aos cinemas portugueses a coprodução portuguesa 'Nome', do realizador guineense Sana Na N'hada.

Exibido em Cannes, em 2023, e este ano no festival IndieLisboa, o filme fala da Guiné-Bissau em 1969, durante a guerra de libertação contra o colonialismo português e apresenta Nome, que deixou a sua aldeia para se juntar à guerrilha do PAIGC. Anos depois, Nome regressa à aldeia como herói, mas a alegria do retorno dá lugar à amargura e ao cinismo.

Este calendário de estreias conta com informações disponibilizadas pelas distribuidoras NOS Audiovisuais e RisiFilm, e por produtoras como a Leopardo Filmes, Ukbar Filmes, Uma Pedra no Sapato e SkyDreams.

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