A proposta para a elaboração de um relatório final, apresentada pelo PS, foi rejeitada com os votos contra do PSD, Chega e CDS-PP, e teve os votos favoráveis dos socialistas e do JPP, que defendiam a elaboração de um relatório final, mesmo não tendo sido ouvidas todas as pessoas que a comissão de inquérito aos incêndios pretendia, adianta o parlamento madeirense, em comunicado.
A presidente da comissão lamentou a interrupção dos trabalhos desde o dia 09 de janeiro, realçando que esta pausa impediu a auscultação das restantes entidades previstas, a maioria indicadas pelo PSD, razão pela qual os social-democratas não quiseram avançar já para a elaboração de um relatório final.
Por proposta do PSD, CDS-PP e Chega, a comissão parlamentar decidiu, em 09 de janeiro, aguardar pela decisão do Presidente da República face à crise política na região para, então, agendar as audições que faltam realizar.
Essa proposta teve os votos contra de PS, JPP e PAN e a abstenção do deputado único da Iniciativa Liberal.
Já foram realizadas 15 reuniões da comissão parlamentar de inquérito sobre o incêndio de agosto de 2024, requerida pelo PS, o maior partido da oposição, e ouvidas 11 pessoas.
Os deputados madeirenses pretendem, ainda, ouvir 11 entidades.
As audições devem ser retomadas na quinta-feira, indica o parlamento madeirense.
O incêndio rural deflagrou na ilha da Madeira em 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol, na zona oeste da Madeira, e Santana, na costa norte.
No dia 26, foi declarado "totalmente extinto", com mais de cinco mil hectares de área ardida.
Segundo o executivo madeirense, não houve registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, mas foram atingidas áreas florestais e pequenas produções agrícolas.
O regresso do presidente do Governo Regional à ilha do Porto Santo, depois de se ter deslocado um dia à Madeira, enquanto o incêndio se mantinha ativo e a alegada demora no pedido de reforço de meios aéreos para o combate ao fogo foram questões criticadas pelos diferentes partidos políticos.
As autoridades deram indicação que cerca de 200 pessoas saíram das suas habitações por precaução, tendo sido disponibilizados equipamentos públicos de acolhimento.
Muitos moradores regressaram nos dias seguintes, excetuando os cerca de 120 residentes da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, que foram definitivamente realojados noutros locais devido à perigosidade da única estrada e acesso ao local.
O Governo Regional minoritário social-democrata foi derrubado em 17 de dezembro de 2024, com a aprovação na Assembleia Legislativa de uma moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as investigações judiciais que envolvem Miguel Albuquerque e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos.
Na sexta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a dissolução da Assembleia Legislativa Regional da Madeira, o que implicará a extinção desta comissão parlamentar, e marcou eleições regionais antecipadas para 23 de março.
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