A luso-francesa, de 54 anos, acusada de torturar a filha, de 13 anos, que morreu à fome no verão de 2020, admitiu, na segunda sessão de julgamento, que decorreu na terça-feira, 21 de janeiro, no Tribunal de Hérault, em Montpellier, França, pela primeira vez, os factos de que é acusada.
Depois de ter negado durante quatro anos qualquer envolvimento na morte de Amandine, Sandrine Pissarra, que pode vir a ser condenada a pena de prisão perpétua, admitiu a culpa, ao ouvir uma gravação áudio feita, em 2019, por vizinhos. Nela, ouve-se a voz de Sandrine aos gritos e o choro de Amandine: "Ai, ai, pare, isso não, está-me a doer…", ouve-se a adolescente, aos soluções.
Perante isso, o juiz questiona a luso-francesa sobre os atos de "violência, tortura e barbárie" cometidos sob a filha desde 2014, ao que esta respondeu: "Sim, admito".
O companheiro de Sandrine, Jean-Michel Cros, de 49 anos, que enfrenta 30 anos de prisão por ter privado de cuidados e alimentação" a enteada, também reconhece o delito. "Tenho uma enorme culpa por isso", admitiu.
Horas antes de admitir a culpa, Sandrine, não só viu fotos do corpo torturado de Amandine, quando foi encontrada morta, como ouviu o testemunho de dois dos seus oito filhos, frutos de três relacionamentos diferentes. Ambos acusaram-na de tortura, revelando a todos os presentes os horrores que viveram também às mãos da mãe. Um pediu mesmo a Sandrine para assumir ser "uma criminosa".
Recorde-se que, Amandine, de 13 anos, morreu no dia 6 de agosto de 2020, de paragem cardíaca, na casa da família em Montblanc. Na altura, a jovem, que media 1,55 metros, pesava apenas 28 kg e o seu corpo estava num estado lastimável. Além da extrema magreza, por ter sido privada de comida durante anos, tinha falta de dentes, de cabelo e o seu corpo tinha marcas de espancamento.
A mãe e o padrasto estão acusados de a torturar e a ter deixado morrer à fome. Podem vir a ser condenados a prisão perpétua e 30 anos de prisão. Até sexta-feira, o veredicto será conhecido.
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