Natural da Batalha, no distrito de Leiria, Moisés Espírito Santo era professor catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa e destacou-se enquanto um dos responsáveis pela introdução e desenvolvimento da Sociologia Rural e da Sociologia das Religiões em Portugal.
"É com profundo pesar que damos conta (...) do falecimento de Moisés Espírito Santo, professor catedrático da Nova FCSH [Faculdade de Ciências Sociais e Humanas], estimado colega e referência no campo da Sociologia. A sua partida deixa um vazio imenso na nossa comunidade académica e científica, mas o seu legado permanecerá vivo em cada um de nós e em todo o trabalho que ele dedicou à sua paixão pela Sociologia", lê-se na nota de pesar hoje divulgada.
Moisés Espírito Santo fez também investigação etnolinguística, a partir do estudo da toponímia antiga existente em Portugal, articulando os estudos e investigações da sua especialidade com disciplinas como a História, a Arqueologia e a Linguística.
As suas investigações e publicações contribuíram para o conhecimento científico da origem e da identidade da língua portuguesa.
Moisés Espírito Santo foi refugiado e emigrante em França, entre 1963 e 1981, sendo responsável pela fundação das primeiras associações portuguesas em França. Esteve ligado a cerca de cinco dezenas de agremiações de emigrantes e desertores portugueses e à Liga Portuguesa do Ensino e da Cultura Popular.
Ainda em França, formou-se em Sociologia Rural na École de Hautes Études en Sciences Sociales, doutorando-se depois em Sociologia das Religiões.
É também autor de algumas polémicas edições, uma das quais "Os Mouros Fatimidas e as Aparições de Fátima", lançado em 1995.
Dalila Cerejo, do CICS Nova, considera que Moisés Espírito Santo "foi, sem dúvida, um académico de grande destaque", recordando "o privilégio de trabalhar e aprender com ele".
"Os seus contributos para a Sociologia são incontornáveis, marcando gerações de estudiosos e fazendo da sua pesquisa uma referência nas áreas da sociologia da religião e da sociologia rural, da cultura, das dinâmicas das desigualdades sociais e das transformações sociais contemporâneas. A sua capacidade de análise profunda, a sua abordagem inovadora e a sua visão crítica enriqueceram os estudos sociais em Portugal e muito além das nossas fronteiras", realçou a investigadora na nota de pesar.
A par do trabalho académico, "teve um papel fundamental na formação de novas gerações de sociólogos".
"Como colega e professor, era uma figura respeitada, sempre disposto a partilhar o seu vasto conhecimento, a desafiar o pensamento dos outros e a inspirar os seus alunos a pensar de forma crítica e criativa. O seu compromisso com a excelência académica, com o rigor e a ética, deixou uma marca indelével em todos nós", afirmou Dalila Cerejo.
Moisés Espírito Santo "era alguém que acreditava profundamente na capacidade transformadora da ciência e do conhecimento" e "o seu trabalho continuará a ser uma fonte de inspiração para todos aqueles que, como ele, buscam entender e transformar a sociedade".
O CICS Nova promete manter vivo "o seu legado, guiados pela sua paixão pela Sociologia e pelo seu exemplo de compromisso com a ciência e com o conhecimento".
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