Luís Montenegro falava no encerramento do fórum económico entre Portugal e Cabo Verde, que decorreu ao longo do dia em paralelo com a VII Cimeira bilateral entre os dois países, em Lisboa, e logo após a intervenção do primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
"Quando nós falamos de criação de riqueza, há algumas pessoas que querem confundir as opiniões públicas, querendo que se interprete daqui uma preocupação com o investidor, o promotor, às vezes até o proprietário da empresa", começou por dizer, considerando esta discussão "totalmente anacrónica".
Para o primeiro-ministro, "a criação de riqueza é o meio, o instrumento para que todos possam ter a sua vida valorizada".
"É o instrumento para que todos possam ter uma oportunidade de emprego, para poder pagar melhores salários, para servir as comunidades imigrantes que procuram novas oportunidades. É uma oportunidade para poder dar ao Estado mais meios para depois ter políticas sociais", disse.
E deixou um recado, sem destinatário claro: "Aqueles que acham que a pobreza se pode erradicar apenas com atitudes mais caritativas ou de compaixão, nós não julgamos a sua intenção como uma má intenção, o que achamos é que o caminho para atingir esse objetivo é o caminho errado, porque normalmente redunda no agravamento da pobreza", disse.
Montenegro considerou que a criação de riqueza é um desígnio quer de Portugal quer de Cabo Verde e salientou as condições particulares dos dois países para atrair mais investimento.
"Assim como eu digo muitas vezes que Portugal é um destino de investimento seguro porque é um país com estabilidade política, com estabilidade financeira, com equilíbrio financeiro, com bons recursos humanos, com uma valorização de fatores de competitividade como a segurança, também não tenho nenhum problema em admitir que Cabo Verde garante muitas, se não mesmo a totalidade destas condições e, portanto, será um porto seguro de acolhimento de investimentos", defendeu.
Montenegro sublinhou ainda que Portugal e Cabo Verde estão ambos do lado dos que "defendem as democracias, os valores da dignidade humana, os direitos fundamentais, o direito internacional e, ao mesmo tempo, os valores do comércio livre", considerando que tal dá a este país "possibilidades que outros do continente africano não têm"
"Cabo Verde tem a sua relação obviamente umbilical com o continente africano, mas tem esta particularidade de ser ainda um território que, do ponto de vista da segurança e da defesa, do ponto de vista da conceção política, dos valores e da base da sua economia, se pode dizer que é um país europeu", considerou.
O primeiro-ministro enalteceu os resultados alcançados na VII cimeira bilateral entre os dois países, no âmbito da qual foram assinados 30 instrumentos bilaterais, como o aumento de uma linha de crédito para projetos empresariais em Cabo Verde (que passou de 30 para 100 milhões de euros) ou o alargamento do programa de conversão da dívida de Cabo Verde em investimento verde (que passará de 12 para 42,5 milhões de euros).
"Foi a bitola que nós colocámos nesta nossa cimeira e neste nosso encontro, mais do que triplicar a nossa relação económica. Agora só temos uma responsabilidade, é preencher a expectativa que criámos", defendeu.
Na área do turismo, assumiu como objetivo que Portugal -- atualmente o terceiro maior investidor em Cabo Verde -- possa passar para "a linha da frente".
"Não há dúvida que Cabo Verde oferece ainda muitas oportunidades naquilo que tem a ver com a diversificação da sua oferta e com o desenvolvimento de novos projetos", disse.
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