Em declarações à Lusa, José Dinis esclareceu que esta necessidade de definir novos tempos de espera para a oncologia e um novo catálogo de tumores já estava prevista na estratégia publicada em 2023, nada tendo que ver com a programa OncoStop, lançado por este Governo para acabar com as listas de espera nas cirurgias oncológicas.
"Por exemplo, um cancro da cabeça e pescoço, que tem um tempo neste momento, de 15 dias, posso-lhe dizer que há variantes de tumores da cabeça e pescoço em que o tempo pode ser perfeitamente de 45 a 50 dias", explicou, acrescentando: "Dentro do mesmo tumor (...) escondem-se tumores com agressividade biológica diferente".
José Dinis defendeu que é preciso discriminar a lista de cancros "de forma muito mais fina".
"Os códigos da cirurgia são baseados num código americano que se chama ICD-10, que tem centenas de códigos para todas as neoplasias, há tumores que têm 30 códigos e esses 30 códigos podem ter indicações clínicas diferentes", precisou.
Depois -- continuou -- "como há pressão [assistencial], o que acontece é que a priorização não é bem feita".
"O que me preocupa é nós termos a priorização aplicada àqueles tumores que precisam mesmo de uma cirurgia naqueles 'timings'", afirmou.
Em outubro, uma informação da Entidade Reguladora da Saúde referia que a percentagem de cirurgias oncológicas realizadas fora dos tempos máximos recomendados aumentou no primeiro semestre de 2023, concluindo que 22,4% dos utentes foram operados fora do prazo definido por lei.
O regulador referia um aumento da percentagem de incumprimento dos tempos de espera de cerca de 3,1 pontos percentuais, passando de 19,3% no primeiro semestre de 2023 para 22,4% este ano.
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