Hernâni Dias afirma desconhecer investigação da Procuradoria Europeia

O ex-secretário de Estado da Administração Local, Hernâni Dias, afirmou hoje desconhecer estar a ser investigado pela Procuradoria Europeia por suspeitas de ter recebido alegadas contrapartidas quando foi autarca em Bragança.

Notícia

© Global Imagens

Lusa
04/02/2025 13:08 ‧ há 2 horas por Lusa

País

Hernâni Dias

"Não tinha ontem, como não tenho hoje, conhecimento de qualquer investigação que esteja a ser feita. Os senhores, como eu, têm, provavelmente, aquilo que eu posso considerar hoje, eventualmente, uma notificação jornalística - que eu não sei se isso tem algum valor legal -, que é o facto de ter havido um órgão de comunicação social a dizer que eu estaria a ser investigado pela Procuradoria Europeia", afirmou.

 

Hernâni Dias foi convidado pelo parlamento a prestar esclarecimentos sobre a criação de duas empresas enquanto era secretário de Estado da Administração Local, no Ministério da Coesão, responsável pela "lei dos solos", e rejeitou hoje qualquer conflito de interesses, salientando que nenhuma das empresas tinha atividade relacionada com as alterações ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial.

O ex-secretário de Estado decidiu dar ainda explicações sobre notícias divulgadas inicialmente pela RTP, que adiantaram que Hernâni Dias estará a ser investigado por prevaricação, fraude na obtenção de fundos europeus e corrupção passiva, no âmbito da sua gestão como presidente da câmara de Bragança, num inquérito avocado pela Procuradoria Europeia, órgão que investiga casos que podem pôr em causa os interesses financeiros da União Europeia.

"Se alguém me conseguir explicar, ou se alguém me puder dizer, ao dia de hoje, qual é o inquérito a que eu estou a ser sujeito, eu gostaria que me transmitissem", disse, destacando que já pediu informações sobre eventuais investigações em curso ao Procurador-Geral da República.

"A desinformação, ou até a difamação, não podem ser armas de arremesso político", acrescentou.

A RTP noticiou que Hernâni Dias criou duas empresas que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que era o secretário de Estado do ministério que tutela essas alterações.

Uma semana antes, o mesmo canal de televisão avançou que Hernâni Dias estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia e era suspeito de ter recebido contrapartidas quando foi autarca em Bragança.

De acordo com a RTP, a propriedade de um imóvel ocupado pelo filho de Hernâni Dias quando estudou no Porto pertence ao filho de um dos sócios de uma construtora que ganhou o concurso para a ampliação da zona industrial das Cantarias, em Bragança, uma obra cofinanciada pelo PT 2020 [fundos comunitários].

Hernâni Dias assegurou que foi ele próprio a fazer uma participação no Ministério Público assim que lhe surgiram dúvidas, "para que investigasse essa intervenção no sentido de afirmar se poderia haver algum prejuízo para o município".

"E, para ter ainda uma maior certeza sobre esta matéria", contratou o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), "uma entidade idónea", para fazer uma auditoria "séria sobre aquilo que tinha sido executado exatamente naquela intervenção".

"As recomendações de regularização desta empreitada traduziram-se na elaboração de alguns autos que efetivamente não tinham sido feitos cumprindo na íntegra aquilo que a lei determina, mas que foram corrigidos imediatamente a seguir. E, portanto, o município ficou com a situação regularizada e, no final, esta obra ainda conseguiu ter uma poupança de 328 mil euros ao erário público", realçou.

O ex-autarca reiterou estar de consciência tranquila, destacando que na "página 61 da auditoria" está escrito que "não existem evidências de ter havido benefício individual para ninguém que estivesse envolvido nesta intervenção".

Hernâni Dias disponibilizou ainda para consulta dos deputados os comprovativos do pagamento por transferência bancária e os recibos das rendas devidas pelo apartamento ocupado pelo filho quando foi aluno na Faculdade de Engenharia do Porto, salientando que o apartamento em causa era partilhado com outros estudantes e "todos pagaram exatamente o mesmo montante e durante o tempo que lá permaneceram".

Em relação a um apartamento de que é proprietário em Vila Nova de Gaia, Hernâni Dias justificou que comprou o imóvel por 282 mil euros, recorrendo a crédito bancário no valor de 225 mil euros, que está "a pagar ainda hoje".

Posteriormente à divulgação das notícias, Hernâni Dias já tinha recusado, num comunicado enviado à agência Lusa, ter cometido qualquer ilegalidade.

O primeiro-ministro aceitou no dia 28 de janeiro o pedido de demissão do então secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, sublinhando "o desprendimento subjacente à decisão pessoal" do governante.

[Notícia atualizada às 15h15]

Leia Também: Hernâni Dias garante que Montenegro "não sabia" das empresas que criou

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas