Luís Marques Mendes afirmou, esta quinta-feira, que decidiu candidatar-se à Presidência da República por querer "retribuir ao país" o que Portugal lhe deu ao longo dos anos. Na sua apresentação, em Fafe, o ex-ministro disse acreditar que pode ser "útil" a Portugal e defendeu uma candidatura com "compromisso" e "assente em valores".
"Ao longo de uma vida, todos temos sempre momentos especiais", começou por referir no seu discurso no auditório do lar da Santa Casa da Misericórdia de Fafe ao qual foi atribuído o nome do seu pai, António Marques Mendes, fundador do PSD no distrito e ex-deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.
"Quero retribuir ao meu país, o muito que o meu país me deu ao longo dos anos. Em conhecimento, em experiência e em oportunidades", afirmou.
Marques Mendes fez um balanço da sua vida política, que foi sempre "pautada pela mesma preocupação": "Poder ser útil ao país se vir Portugal com integridade e dedicação".
O candidato - que já foi deputado, autarca, ministro de quatro governos e líder do PSD - fez questão de destacar a sua experiência política como uma mais-valia para o cargo de Presidente da República.
"O cargo de Presidente da República é um cargo eminentemente político. Assim sendo, deve ser exercido por quem tem experiência política. Não existe uma Presidência sem política", afirmou, considerando que nas presidenciais de janeiro de 2026 "a questão é que tipo de política deve guiar a Presidência".
"O tempo que vivemos nem aceita política sem princípios, nem recomenda política sem experiência. Não é tempo de aventuras, experimentalismos ou tiros no escuro", disse.
O social-democrata disse ainda "sentir-se confortado pela forma íntegra" como sempre fez "política em Portugal".
"Considero que, com os conhecimentos que adquiri ao longo da vida, posso vir a ser útil ao país. Por isso, apresento hoje a minha candidatura ao cargo de Presidente da República", disse, frisando que se trata de uma candidatura que "assenta em valores", como a "liberdade, a Democracia e a verdade", mas também com "desafios".
Na apresentação da sua candidatura, Marques Mendes vincou ainda querer "unir Portugal" e ser "Presidente de todos os portugueses". "Os que votarem em mim ou aqueles que legitimamente optarem por outras candidaturas, todos são portugueses. Todos merecem o mesmo respeito e todos devem ser tratados de forma igual", disse.
Por isso, acrescentou, decidiu entregar o cartão de militante do PSD para "reafirmar o compromisso com uma magistratura de isenção".
"Hoje mesmo entreguei o meu cartão de militante do PSD. Não por renegar origens e convicções porque isso nunca farei. Mas, para num ato simbólico, reafirmar o meu compromisso com uma magistratura de isenção, independência e imparcialidade", anunciou.
O candidato a Belém afirmou que a "degradação política e a falta de decência que há anos se vive em Portugal não é aceitável" e que a "política sem ética é uma vergonha".
Defendeu ainda que ser "Presidente tem de ser construtor de pontes em favor da estabilidade e do progresso" e que "não podemos passar o tempo em dissoluções e eleições antecipadas".
"É preciso evitar crises políticas. Não podemos passar o tempo em dissoluções e eleições antecipadas. Isso não é modo de vida", afirmou, acrescentando que "o Presidente não governa nem legisla, mas também não é uma entidade simbólica".
Marques Mendes abordou ainda a questão da segurança em Portugal, mas afirmou que "para a garantir não precisamos de estratégias securitárias, mas sim de forças de segurança devidamente motivadas e de um debate sobre segurança que seja informado e rigoroso".
"O Presidente da República tem de ser inspirador e gerador de esperança em Portugal. Isto faz-se no dia-a-dia e em mensagens seletivas à Assembleia da República", acrescentou.
Por outro lado, apontou a sua como uma candidatura orientada por desafios, como o da esperança, deixando uma palavra aos jovens, ou o da ambição.
"Portugal não é na UE um país pequeno ou irrelevante. Somos um país médio. E há países mais pequenos do que nós que são grandes exemplos de sucesso. A ambição tem de ser um dos nossos grandes desafios", reiterou.
"Personalidade de grande relevo na vida política do nosso país"
Antes do discurso de Marques Mendes, o presidente da Câmara Municipal de Fafe, Antero Barbosa, responsável pela intervenção de saudação, destacou ser uma "honra ter um cidadão de Fafe a assumir uma candidatura à Presidência da República", sobretudo uma "personalidade de grande relevo na vida política do nosso país".
"Um relevo conquistado com inteligência, com conhecimento, com trabalho e com dedicação nas diversas missões políticas que assumiu ao longo dos tempos", frisou.
O autarca sublinhou, ainda, que Marques Mendes deu "mostras ao longo da sua vida de um profundo amor por Portugal, pela liberdade e pela Democracia".
No domingo, no seu último comentário televisivo na SIC, Luís Marques Mendes justificou a sua candidatura presidencial por entender, depois de uma reflexão pessoal e de "ouvir muita gente", que podia ser útil ao país e elegeu três grandes causas: ambição, estabilidade e ética.
Luís Marques Mendes, 67 anos e militante do PSD desde os 16 anos, já foi deputado, secretário de Estado, ministro em quatro governos e líder dos sociais-democratas entre 2005 e 2007. Atualmente, é advogado e conselheiro de Estado escolhido pelo atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República já anunciou que tenciona marcar as Presidenciais de 2026 para 25 de janeiro, calhando uma eventual segunda volta em 15 de fevereiro, três semanas depois.
[Notícia atualizada às 19h28]
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