Marcelo Rebelo de Sousa falava em resposta a perguntas dos jornalistas, na residência oficial do embaixador de Portugal em Brasília, depois de ter sido recebido por Lula da Silva no Palácio do Planalto, durante cerca de uma hora e meia.
"Foi muito interessante, primeiro, porque encontrei o presidente Lula em grande forma física, depois de um período de recuperação recente, em grande forma física, e isso dá-lhe um vigor, uma animação, aquilo que ele gosta de ser, uma grande energia", disse.
O Presidente português referiu que os dois falaram dos desafios colocados pela atual administração dos Estados Unidos da América, que "altera as regras do jogo", e estiveram "de acordo praticamente total" sobre as mudanças em curso no mundo.
"O mundo como nós o conhecemos mudou, e não podemos fingir que não vemos", defendeu.
Marcelo Rebelo de Sousa qualificou Lula da Silva como "um lutador por causas" que tem como "causa internacional" a defesa das "regras fundamentais e princípios fundamentais da vida internacional que vigoraram durante muito tempo" e "ajudar a reconstruir aquilo que é fundamental para as parcerias, as alianças, os entendimentos a nível internacional".
O chefe de Estado assinalou que o Brasil presidiu ao G20, preside aos BRICS e vai organizar a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e "está em reunião permanente com países de outros continentes, como Portugal está também".
"Somos plataformas de diálogo com esses países, e estamos em muitas comunidades juntos. Além das Nações Unidas, obviamente, estamos na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), estamos na comunidade Ibero-Americana", prosseguiu.
"Quer dizer, há muitas plataformas onde podemos agir em conjunto para garantir que os valores e os princípios a que estávamos habituados e considerávamos certos, de repente, não são atirados pela janela fora", considerou.
Pela parte de Portugal, sobre as relações com os Estados Unidos da América, Marcelo Rebelo de Sousa comentou: "Estamos à espera que os parceiros, amigos e aliados tenham certos comportamentos. Tiveram durante décadas".
"E de repente estão a dar sinais que vão deixar de ter, ou já deram sinais que vão deixar de ter. Bom, aí temos de repensar bem como é que nos vamos posicionar perante essa nova situação, que é uma situação muito nova e, nesta medida e nesta escala, muito inesperada", acrescentou.
Como marcas da administração Trump, apontou "interferir na política interna" de outros estados e colocar em causa "a visão sobre a integridade territorial dos Estados e o peso das organizações internacionais, o multilateralismo", com "mais protecionismo".
Sobre as relações luso-brasileiras, o Presidente português afirmou que os representantes dos dois países estão "virados para o futuro" e querem cooperar "em novos setores completamente diferentes, a alta tecnologia, o digital, as mudanças energéticas, novas atividades empresariais que deem crescimento".
Questionado sobre dificuldades na regularização de brasileiros residentes em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que "isso foi visto" e realçou que "saiu agora há pouco tempo um diploma sobre os nacionais de países de expressão portuguesa, e já foi regulamentado pelo Governo", que terá "uma influência muito positiva" nesses casos.
Por sua vez, o presidente do Brasil publicou nas redes sociais a seguinte mensagem, acompanhada por uma fotografia ao lado do chefe de Estado português: "Recebi hoje, em Brasília, o presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Vamos aprofundar os fluxos de comércio e de investimentos e criar novas parcerias nos campos científico, tecnológico, cultural e educacional".
[Notícia atualizada às 18h59]
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