O primeiro-ministro juntou-se à distância à reunião, que decorre em Paris, mal terminou a conferência de imprensa da 14.ª cimeira bilateral entre Portugal e Brasil, em Brasília, onde está desde terça-feira.
Alguns dos principais líderes europeus participam hoje na segunda reunião de emergência convocada esta semana pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, depois de os Estados Unidos e a Rússia terem mantido na terça-feira as primeiras conversações diretas desde a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, e terem acordado tomar medidas para começar a normalizar as suas relações.
Na conferência de imprensa, ao lado do Presidente do Brasil, Lula da Silva, Luís Montenegro foi questionado se iria participar neste encontro, para o qual Portugal tinha sido convidado.
"Eu ainda tentei, num ligeiro interregno que tivemos entre o final da reunião plenária com todos os membros do Governo e com o Presidente Lula da Silva e a assinatura dos protocolos e esta conferência de imprensa, entrar online na reunião, não consegui. Espero, no final da conferência de imprensa, ainda ter tempo de participar", disse, então, o que acabou por se concretizar.
Na mesma ocasião, foi instado a esclarecer a posição de Portugal quanto ao envio de tropas para a Ucrânia, considerando que essa questão era extemporânea.
"Relativamente ao envio de tropas, nós nunca defendemos a intervenção militar da Europa com tropas no terreno. Nesta ocasião, em que aquilo que temos diante de nós é um processo de paz, ou a possibilidade de termos um processo de paz, não devemos começar pelo fim, não devemos começar pela forma como ele depois se pode operacionalizar, mesmo que isso implique qualquer movimentação de Forças Armadas", disse.
"E, portanto, a minha posição é que é extemporânea, sinceramente extemporânea, essa questão", afirmou.
O primeiro-ministro português defendeu ainda que esse processo de paz "deve envolver naturalmente e obrigatoriamente a Ucrânia e a Europa".
"A Europa é indiscutivelmente um parceiro que moderará essa aproximação", afirmou.
Quanto à participação da Ucrânia, considerou igualmente que "um processo de paz deve ter as duas partes envolvidas no conflito", dizendo não lhe parecer viável "uma paz à força".
Na segunda-feira, Macron já se tinha reunido em Paris com os principais líderes da União Europeia (UE), da NATO e do Reino Unido, para elaborar uma estratégia europeia face às conversações promovidas pelos Estados Unidos para acabar com a guerra na Ucrânia, iniciada há quase três anos com a invasão russa do país vizinho.
A convocação dessa primeira cimeira de emergência ocorreu depois de o Governo do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter deixado claro na sexta-feira passada, na Conferência de Segurança de Munique, que a Europa não teria lugar à mesa das negociações dos Estados Unidos com a Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia.
Nessa primeira cimeira de emergência convocada por Macron, participaram a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, bem como os chefes de Governo de sete países europeus: Alemanha, Olaf Scholz; Reino Unido, Keir Starmer; Itália, Giorgia Meloni; Polónia, Donald Tusk; Espanha, Pedro Sánchez; Países Baixos, Dick Schoof; e Dinamarca, Mette Frederiksen.
[Notícia atualizada às 20h03]
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