Mais de mil pessoas manifestam-se em Lisboa com alertas para direitos em perigo

Mais de mil pessoas, segundo a organização, estiveram hoje na manifestação em Lisboa organizada pelo Movimento Democrático de Mulheres para assinalar o Dia das Mulheres, destacando conquistas e alertando para os direitos que podem estar em perigo.

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Lusa
08/03/2025 18:17 ‧ ontem por Lusa

País

Lisboa

O mau tempo, com a previsão de chuva, não demoveu largas centenas de mulheres e homens que se concentraram na Praça dos Restauradores e caminharam em direção à Praça do Município, numa manifestação por igualdade, direitos, justiça social e paz, organizada pelo Movimento Democrático de Mulheres (MDM),

 

Em declarações à agencia Lusa, Tânia Mateus, do secretariado nacional do MDM, disse que a ação de Lisboa juntou cerca de mil pessoas, e que as várias ações e manifestações marcadas para todos os distritos e Açores reuniu vários milhares de mulheres.

Tânia Mateus, do MDM, destacou a "presença massiva de mulheres" nas manifestações de hoje e lembrou como, apesar de haver um conjunto de direitos plasmados na Constituição e na lei, "há uma diferença entre aquilo que diz na lei e o que se passa na vida concreta das mulheres".

"Na prática, há uma igualdade e uma lei que elas ainda conseguem usufruir e a luta de hoje é esta: é garantir que haja politicas públicas que garantam uma verdadeira igualdade, que conduza à emancipação das mulheres", apontou.

Presente na manifestação, o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), que se fazia acompanhar de outros elementos do partido, apontou que hoje é "um dia de alegria", mas também de luta, sublinhando que "as razões pelas quais [o dia da mulher] foi constituído continuam válidas".

"Estão válidas porque continua a discriminação das mulheres, estão válidas porque a mulher continua a ser aquela sobre quem recai os mais baixos salários, a discriminação laboral, [são] o maior alvo de precariedade, são aquelas que trabalham mais horas, seja no local de trabalho ou em casa, e enquanto isto não estiver resolvido vale a pena [lutar] com muita força porque as causas são jutas", defendeu Paulo Raimundo.

O dia marca também os 50 anos da primeira manifestação em Portugal no Dia da Mulher e o líder do PCP considerou que a "Revolução de Abril foi um avanço extraordinário na vida de todos e também das mulheres", trazendo o seu reconhecimento e uma "coisa tão básica quanto poder votar".

Raimundo advertiu ainda que as mulheres continuam a ser as principais vítimas de violência doméstica e de discriminação de género.

Uma outra manifestação, convocada pela Rede 8 de Março - Greve Feminista, com o lema "Pela Libertação de Todas as Mulheres", também decorreu em Lisboa, começando no Marquês de Pombal, cerca das 15h00, e reunia, àquela hora, várias dezenas de pessoas, entre as quais algumas figuras do panorama político nacional.

Em declarações aos jornalistas, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, disse que falta garantir direitos e igualdade salarial, destacando a questão da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) como algo que, apesar de estar consagrado na lei, não está garantido.

Isabel Mendes Lopes, deputada do Livre, defendeu que "é importantíssimo" celebrar o Dia das Mulheres, tendo em conta os problemas que continuam a existir de desigualdade de género, e salientou o "problema gravíssimo de violência doméstica que existe em Portugal".

Também presente nesta manifestação, a deputada do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês Sousa Real, defendeu que há "um longo caminho a percorrer" em matéria de direitos das mulheres, destacando, por um lado, a desigualdade salarial, e, por outro, a violência doméstica que Inês Sousa Real disse ser "um dos maiores flagelos" do país.

[Notícia atualizada às 19h42]

Leia Também: "Uma Era em que os governos investem para cercear a liberdade da mulher"

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