A gasolineira Joaquim Barros Rodrigues & Filhos, que pagou 194 mil euros à Spinumviva, a empresa familiar do primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou, esta segunda-feira, que “irá agir judicialmente” contra o socialista Miguel Prata Roque, que acusou de proferir “um rol de mentiras precipitadas ou deliberadas”.
“A questão já nem é saber se, nos partidos, há quem compre candidaturas a câmaras, lugares de deputados e de dirigentes na administração pública, pagando a quem tem competência para decidir ou para influenciar as decisões. A questão é: porque é que o pai de João Rodrigues, candidato do PSD à Câmara de Braga, pagou 194 mil euros à empresa de Luís Montenegro, quando, afinal, o trabalho foi feito pela sua nora, Inês (Patrícia) Varajão Borges?”, questionou Miguel Prata Roque, numa publicação na rede social Facebook, a 8 de março.
O socialista equacionou ainda que “ou pagou antes de ela trabalhar para Montenegro, em 2022, e então fê-lo em troca de emprego futuro para a nora, ou pagou depois e então fê-lo apenas para que a Luís Montenegro ganhasse uma margem de lucro escandalosa”.
“Que pessoa é que, podendo contratar a sua nora por 194 mil euros vai contratar a empresa de outra pessoa, onde ela trabalha, recebendo apenas mil euros por mês? Que empresário é que, podendo poupar uma quantia avultada de dinheiro, não contrata diretamente a nora Inês (Patrícia) Varajão Borges, que é supostamente 'especialista' em proteção de dados? Que partido é que acha transparente que se escolha como candidato à Câmara de Braga o filho do gasolineiro que pagou 194 mil euros? Mas, afinal, Luís Montenegro só tem vida profissional com gente ligada ao PSD? Não consegue arranjar um cliente do PS, do Chega, da IL, do Bloco ou do PCP?”, complementou.
Num comunicado endereçado às redações, a Joaquim Barros Rodrigues & Filhos considerou que a publicação do socialista “apresenta um rol de mentiras precipitadas ou deliberadas, mas desprovidas de qualquer base factual e afastadas do respeito pela verdade”, anunciando “publicamente que irá agir judicialmente contra o autor da publicação”.
“A nora Inês Patrícia Varajão Borges do Sócio nunca trabalhou no grupo empresarial. É simplesmente falsa e injuriosa a frase/interrogação: ‘Que empresário é que, podendo poupar uma quantia avultada de dinheiro, não contrata diretamente a nora Inês (Patrícia) Varajão Borges, que é supostamente ‘especialista’ em proteção de dados?’ Como é óbvio, não a contratou, na medida em que não eram os serviços Proteção de Dados que necessitavam da empresa Spinumviva, nem a Dra. Inês Varajão Borges teve qualquer intervenção nesse dossier”, lê-se.
A empresa desafiou ainda Miguel Prata Roque “a demonstrar com que escritórios de advogados ou consultoras trabalhou, quem são os seus clientes, quem foram e quais os pareceres que efetuou, antes e durante a sua atividade política e depois”.
Além disso, esclareceu que a sua relação profissional com Montenegro “tem mais de 15 anos, quer do ponto de vista pessoal, quer do ponto de vista profissional”.
“Essa relação é muito anterior ao exercício dos cargos de primeiro-ministro e de líder do PSD. Extrapolar dizendo quando contratamos o Dr. Luís Montenegro para nos ajudar no desenvolvimento de um projeto estratégico que teve êxito como contrapartida de beneficiar uma familiar ou um familiar do ponto de vista político é uma infâmia que não pode nem vai ficar impune”, apontou.
A Joaquim Barros Rodrigues & Filhos indicou ainda que “faz parte de um grupo empresarial que integra mais de 20 empresas, a primeira das quais remonta a 1933”, empregando “centenas de funcionários e colaboradores”.
“No exercício das suas atividades regulares, o grupo trabalha presentemente com seis escritórios de advogados, cada qual oferece serviços em determinada área de especialidade. O grupo trabalha ainda com duas consultoras internacionais e ao longo dos anos, com várias nacionais. Mais de 75% dos seus ativos e negócios são obtidos fora do concelho de Braga”, disse.
A gasolineira recordou também que tem “negócios com empresas públicas, com obediência a todas as regras da contratação pública”, ao mesmo tempo que deu conta de que “a faturação com empresas públicas representa menos de 1% do volume de negócios do grupo empresarial”.
“Os gerentes e sócios do grupo nunca tiveram qualquer cargo político durante os 92 anos de existência”, salientou.
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