"Com 76 anos, não me lembro de nada assim, nem mesmo no mau tempo de 2009. Nessa altura, foi uma hora de ventos fortes e desta vez foi a noite toda", contou à agência Lusa Jerónimo Sebastião, morador do número 11 do Bairro da Eira.
"Foi um caos, parece que andava aqui o diabo", continuou.
Este morador foi uma das 13 pessoas, entre cinco famílias, que ficaram com danos nas suas habitações e tiveram de ser realojadas, ele em casa de familiares e os restantes 12 na Pousada da Juventude da Praia da Areia Branca.
"Eram chapas dos telhados [painéis de sandwich] e outros materiais a votar por todo o lado. Foi terrível, não desejo a ninguém o que passámos", descreveu por seu turno António Fonseca que, com a mulher, foi passar a noite na pousada.
A casa com o número 11 do Bairro da Eira, onde residem, foi uma das mais afetadas pelo mau tempo, ficando com metade da cobertura e o sistema de aquecimento de água danificados.
Por seu turno, de lágrimas nos olhos, e apesar de a sua moradia não ter sido das mais afetadas, João Pinto assegura que "nunca tinha visto uma coisa destas".
Apesar do medo que sentia, ele e outros moradores saíram à rua e, sob ventos fortes, arriscaram a vida a retirar os automóveis dos locais onde estavam estacionados, para não ficarem danificados com as chapas das coberturas que se soltavam.
"Houve uma chapa que voou de uma casa para outra", descreveu.
"Foi horrível, foi impressionante", classificou Isabel Duarte, moradora no número 6, que também veio à rua.
A habitante ficou com danos em casa, desde telhados e janelas, e no automóvel, com riscos e danos na pintura, e foi também realojada.
Depois de obras realizadas há dois anos nas habitações, vários moradores queixaram-se de que as coberturas constituídas por painéis sandwich ficaram mal instaladas e pouco seguras.
Depois dos prejuízos nas habitações, que são propriedade do Município da Lourinhã, a sua preocupação é agora com a urgência de reparar os estragos.
"Se começar a chover, a água vai passar as placas e vou ficar com tudo estragado e apodrecido", disse um dos moradores, com preocupação.
"Vamos desenvolver todos os esforços para proteger bens e pessoas", garantiu, por sua vez, João Serra, vereador da Proteção Civil da Câmara da Lourinhã, em declarações no local aos jornalistas.
"Assim que existam materiais, faremos a intervenção o mais rápido possível. O empreiteiro está a fazer um esforço para obter esses materiais e assim que for possível o faremos", disse.
No local, hoje de manhã foram iniciados os trabalhos de remoção de estruturas.
Os habitantes vão continuar realojados na pousada da Praia da Areia Branca e estão a ser acompanhados pelos serviços de Ação Social do município, que estão a "avaliar caso a caso" as necessidades de casa família.
O autarca confirmou os estragos nas coberturas e no sistema de aquecimento de águas de cinco habitações, de cinco famílias, num total de 13 pessoas.
No concelho, foram registadas 14 ocorrências, na sua maioria relacionadas com quedas de árvores, que condicionaram estradas e obrigaram também a operações de desobstrução.
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