Cerca das 09h00, os sons que mais se ouviam nas duas freguesias lisboetas eram as sirenes dos carros de bombeiros, motosserras ou sopradores de folhas, além do trânsito normal, com algumas apitadelas por falta de semáforos em algumas zonas.
A Lusa andou pelas ruas das duas freguesias e constatou que a tempestade Martinho fez a poda das árvores à sua passagem: pelos passeios e nas estradas eram bem visíveis os emaranhados de ramos e raminhos e folhas.
Os cães eram indiferentes aos galhos no seu passeio matinal e muitos eram os que faziam a sua corrida habitual, desviando-se de quando em vez das tampas das sarjetas levantadas para os passeios e devidamente sinalizadas com um pino.
Junto ao Centro Comercial Fonte Nova, um dos quiosques localizados no largo, levou com parte dos ramos de uma árvore na sua estrutura, e viu destruídos os chapéus que dão sombra à esplanada. Aqui, os trabalhadores da junta de São Domingos de Benfica davam o seu melhor na limpeza do espaço.
Entre uma freguesia e outra era visível, em quase todas as árvores, alguma marca da passagem da depressão Martinho, que levou à emissão desde o fim de quarta-feira de um aviso laranja para Portugal continental devido ao vento forte.
Na Rua Cidade de Cacheu, perto do Mercado de Benfica, uma árvore foi arrancada do chão e ficou prostrada em cima de três viaturas. Os funcionários da junta encontravam-se a desmembrar os troncos e a carregá-los para a carrinha da junta.
"Foi uma noite difícil, tivemos muitas ocorrências, tivemos 17 quedas de árvores, sem contar na zona da estrada do Outeiro, em que houve muitas quedas de árvores no Monsanto", começou por explicar à Lusa Ricardo Marques, enquanto assistia aos trabalhos de corte da árvore.
O presidente da Junta de Freguesia de Benfica enalteceu o trabalho dos funcionários da autarquia, considerando que as equipas "foram extraordinárias" e que ainda "não viram a cama", assim como os membros do executivo, deixando ainda uma palavra de apreço para os Sapadores Bombeiros e para a Câmara Municipal de Lisboa, "que tem estado a apoiar".
Ricardo Marques adiantou haver, pelo menos, já apuradas até ao momento, 12 viaturas "com danos significativos" devido à queda de árvores na freguesia.
"Tivemos mais três árvores em risco de queda, que têm de ser hoje abatidas com urgência, e depois temos muitos pequenos danos causados por quedas de painéis informativos, de sinalética, de coberturas de prédios", enumerou.
Segundo o autarca, há "uma situação complicada" na Estrada de Benfica, com a "cobertura de um prédio, uma marquise que voou e que está periclitante", tendo de se arranjar forma de tirar, contando já com a ajuda de uma grua da Câmara Municipal de Lisboa.
"São fenómenos que, por mais prevenção e por mais meios que existam, é sempre impossível responder quando no espaço de uma hora, que é do que estamos a falar, temos uma queda massiva de árvores pela freguesia", desabafou.
De acordo com Ricardo Marques, as ocorrências na freguesia ficaram a dever-se sobretudo ao vento, já que, do ponto de vista da chuva, não houve nenhum problema, "nem de drenagens, nem inundações".
O Parque Silva Porto, também conhecido como Mata de Benfica, vai estar fechado devido à existência de "muitas árvores com danos" e que vão ter de ser avaliadas "nos próximos dias".
Ricardo Marques lembrou também a queda de uma outra árvore "de grande porte" no Eucaliptal de Benfica, que destruiu uma parte do parque infantil e de um quiosque, local que já tinha sofrido com a queda de uma outra árvore anteriormente, em junho de 2023, e danificou três viaturas e provocou danos num prédio.
Para já, segundo o autarca, "há ainda muitas horas de trabalho para as equipas" que estão na rua, adiantando que a circulação rodoviária foi reposta e agora "são danos que demoram algum tempo a sanar".
Do ponto de vista indemnizatório, todas os danos que tenham a ver com quedas de árvores "devem ser encaminhados pelos moradores rapidamente para a Câmara Municipal de Lisboa para que se possa avançar o quanto antes com as indemnizações".
O mau tempo registado entre quarta-feira e hoje de manhã no continente português deu origem a 5.800 ocorrências e 15 desalojados, de acordo com o mais recente balanço da Proteção Civil, que reconhece tratar-se de um número "acima da média".
O registo diz respeito ao período entre as 00h00 de quarta-feira e as 11h00 de hoje, com destaque para a queda de árvores, tendo-se verificado ainda algumas inundações, em resultado da passagem da depressão Martinho.
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