A consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental relativo ao último troço da Linha de Alta Velocidade (LAV) entre o Porto e Lisboa, correspondente à ligação entre Soure e Carregado, terminou na sexta-feira e a Zero apresentou um parecer que pede uma alternativa "mais sustentável", refere um comunicado
Segundo a nota, a Zero sugere um traçado "paralelo à atual linha do Oeste entre Soure e Torres Vedras e a partir daí partilhando o mesmo corredor da nova linha suburbana prevista no Plano Ferroviário Nacional (PFN) até à nova estação de Chelas".
Esta opção iria permitir, segundo a Zero, a "ligação ao Barreiro e ao novo aeroporto através da nova travessia ferroviária sobre o Tejo" e "evitaria o atravessamento ou a proximidade ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e da Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo".
Para a Zero, esta solução também permitiria descongestionar a Linha do Norte entre Castanheira do Ribatejo e Lisboa-Oriente, "uma das zonas mais saturadas da rede ferroviária nacional".
A análise da Zero destaca que a opção Soure-Torres Vedras-Chelas permite "reduzir a pressão sobre comunidades locais face ao inevitável futuro aumento de capacidade entre o Carregado e a Estação do Oriente, que é objeto de contestação entre as populações de Vila Franca de Xira e de Alhandra".
"Esta alternativa permite maiores e mais rápidas reduções de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), ao possibilitar a construção simultânea deste troço da LAV e da variante ferroviária de Loures na Linha do Oeste, promovendo uma mobilidade mais eficiente e sustentável na Área Metropolitana de Lisboa", garante a associação.
O parecer admite que possa existir uma "ligeira extensão no tempo de viagem estimado entre Porto e Lisboa (cerca de 4 a 6 minutos adicionais)", mas os "benefícios estruturais e ambientais, da alternativa proposta justificam plenamente a necessidade de uma avaliação mais aprofundada desta solução", até porque "os passageiros ferroviários ficarão mais próximos das áreas centrais de Lisboa".
Segundo a Zero, em termos económicos, a alternativa sugerida permite "economias de escala caso se antecipe a construção em simultâneo no mesmo corredor da nova linha suburbana de Loures".
O investimento inicial poderá ser mais elevado, admite a associação, mas "será compensado pela maior capacidade da rede ferroviária na Área Metropolitana de Lisboa (AML), permitindo uma evolução mais rápida da quota modal do transporte público como um todo e reduzindo mais aceleradamente o uso de transporte individual, particularmente no eixo Torres Vedras-Loures--Lisboa".
"As receitas da taxa de carbono sobre a aviação acumulam entre 150 e 200 milhões de euros desde que foi criada e deverão atingir um total de 500 milhões de euros até 2030", pelo que "podem dar um contributo significativo para concretizar este investimento ferroviário que permite reduzir o impacto climático das viagens Porto e Lisboa e adicionalmente entre a região Oeste e o norte da AML e a capital do país".
O troço Soure-Carregado, que contempla uma estação em Leiria, atravessa os concelhos de Rio Maior, Azambuja, Alenquer, Cadaval, Caldas da Rainha, Alcobaça, Porto de Mós, Leiria, Marinha Grande e Pombal.
No estudo de impacto ambiental, encomendado pela IP, há duas soluções para este troço, A e B. A primeira tem quase 116 quilómetros e a segunda pouco mais de 117 quilómetros, apresentando-se várias alternativas de traçado segundo as soluções base.
A linha de alta velocidade Porto-Lisboa, em via dupla eletrificada, vai permitir uma velocidade máxima de 300 quilómetros/hora e destina-se exclusivamente a tráfego de passageiros.
Leia Também: Problemas técnicos dificultam transporte público no Ramal da Alfândega