Câmara de Cascais suspende concessão do aeródromo de Tires

A Câmara Municipal de Cascais suspendeu esta terça-feira a concessão do aeródromo de Tires devido ao desconforto dos eventuais interessados com as notícias que associavam o concurso a grupos criminosos.

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Lusa
25/03/2025 14:45 ‧ há 10 horas por Lusa

País

Cascais

O concurso, que atraiu o interesse de três grupos, iria ser lançado este ano e iria implicar um investimento imediato de cerca de 165 milhões de euros.

 

A suspensão foi justificada pelo facto de os eventuais interessados se terem sentido incomodados pelas notícias que têm vindo a público que associam "'a decisão à pressa' que o signatário teria, enquanto presidente de Câmara, de entregar a concessão da infraestrutura aeroportuária a grupos que alegadamente têm atividades criminosas".

A decisão foi aprovada com votos favoráveis de todos os partidos e abstenção do Chega.

Durante a reunião que decorreu hoje de manhã, Carlos Carreiras refutou as acusações e explicou que, apesar de não terem fundo de verdade, "ao colar o concurso a grupos criminosos, ninguém se sente confortável a ser associado".

O presidente da câmara confirmou ainda que três grupos mostraram interesse no processo, e "muitos outros apareceram a sondar". "Até porque não se lança um concurso destes sem saber se há interessados", comentou.

Lembrando o estudo elaborado pela Ernst & Young para a autarquia sobre os valores do investimento, o responsável sublinhou que o que estava em causa era um projeto com "números de grande dimensão".

"Isto, de facto, é de uma dimensão proporcionalmente inversa entre o que é o interesse público e atitude de certos agentes políticos e partidários nesta matéria, estamos a falar de uma proposta com grande transformação do ponto de vista económico, social e ambiental", apontou.

Agora, Carlos Carreira prefere deixar a decisão de avançar, ou não, com a concessão de Tires para o próximo presidente da câmara, que será eleito nas eleições autárquicas agendadas para este ano.

"O próximo executivo terá toda a liberdade, e até facilidade, [para decidir] porque já tem muito trabalho feito, já tem todo um manancial de estudos", disse.

No entanto, a mesma proposta assegura que "vão continuar a desenvolver todos os procedimentos necessários à instalação no concelho de ensino superior nas áreas das engenharias aeroespacial e aeronáutico, assim como a investigação e desenvolvimento de combustíveis alternativos, de materiais compósitos e de processos de inteligência artificial relacionados com o setor. A Câmara de Cascais está a trabalhar com a Universidade Nova para criar um "aeroporto universitário", como foi apelidado o projeto.

Em reação à notícia, o diretor executivo da IFA-International Flight Academy, José Madeira, aplaude a suspensão.

"Prevaleceu o bom senso. Esta decisão é uma oportunidade para que - sem pressas e fora do calendário eleitoral - o executivo que resultar das próximas eleições autárquicas em Cascais possa reconfigurar um modelo de concessão que assegure a continuidade da presença das escolas de formação no aeródromo de Cascais, salvaguardando assim os contributos prestados há décadas para o concelho, em termos financeiros, de criação de postos de trabalho e de formação de profissionais qualificados, para um setor tão necessitado de quadros como é o da aviação civil em Portugal", comentou o responsável da principal escola de formação de pilotos de Tires.

O anúncio do lançamento do concurso internacional para a concessão de Tires foi feito no final do ano passado, no seguimento da nova vida que a autarquia queria dar à infraestrutura que vai receber os voos executivos da Portela para aliviar o aeroporto de Lisboa que está a operar praticamente na sua capacidade máxima.

A medida foi apresentada no Orçamento do Estado para 2024 pelo anterior executivo de António Costa, tendo posteriormente sido criado um grupo de trabalho para avaliar a proposta de desvio destes voos que representam perto de 1% do total dos movimentos do Aeroporto Humberto Delgado.

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