Voto eletrónico e ensino do Português preocupam CRAN

O voto eletrónico e o impacto dos baixos salários da equipa de coordenação do ensino português nos Estados Unidos dominaram a reunião anual do Conselho Regional da América do Norte (CRAN), indicou hoje à Lusa o conselheiro Paulo Pereira.  

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Lusa
24/03/2025 22:57 ‧ há 2 dias por Lusa

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Durante o fim de semana, os conselheiros das comunidades portuguesas que integram o CRAN reuniram-se em Palm Coast, no estado norte-americano da Florida, para uma ampla discussão em que foram abordadas as preocupações das comunidades portuguesas na América do Norte, mas também para refletirem sobre a situação política em Portugal e nos países em que residem. 

 

Focando-se na questão do ensino do português nos Estados Unidos (EUA), Paulo Pereira, conselheiro das comunidades no Canadá e presidente do CRAN, defendeu que "têm de ser feitas mudanças radicais", nomeadamente em relação às condições de trabalho do coordenador do ensino português nos EUA, João Caixinha, e dos seus adjuntos, frisando que "a situação é muito grave", "não havendo uma atualização salarial desde 2006". 

"Tendo em conta o custo de vida elevado nos EUA, os salários que eles auferem são praticamente só para pagar a renda. Sinceramente, nem para comer dá", denunciou à Lusa o presidente do órgão regional do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). 

Ainda segundo o conselheiro, a situação em vigor eleva o risco de que a comunidade "perca elementos importantes no sistema de ensino de português nos EUA". 

"Sem os coordenadores e os seus adjuntos, o sistema de ensino português não funciona. E sem o ensino português, sem falarmos português, a comunidade desaparece", sublinhou Pereira, responsabilizando os "Governos dos últimos 19 anos" pela falta de uma atualização salarial. 

Também a questão do voto eletrónico - reivindicado há vários anos pelos emigrantes portugueses, mas que continua sem avançar por alegadas razões de segurança - foi um dos temas em destaque na reunião anual do CRAN. 

Paulo Pereira considera "importantíssimo" que esse sistema avance, mas antevê alguma demora tendo em conta o panorama de instabilidade política em Portugal. 

Os conselheiros têm manifestado vontade de contar com mais esta possibilidade de voto devido às distâncias que por vezes têm de ser percorridas para votar nas assembleias de voto e os constrangimentos que o voto postal tem revelado. 

Nas eleições para a Assembleia da República, como as que se realizarão em 18 de maio, os portugueses que residem no estrangeiro podem votar presencialmente ou por via postal, devendo fazer essa opção junto da respetiva comissão recenseadora no estrangeiro, até à data da marcação da eleição, pois se não escolher terá de votar por via postal. Nas eleições presidenciais e europeias, a votação só é presencial. 

A aposta no voto eletrónico não presencial foi uma das medidas do programa do Governo de Luís Montenegro. O chumbo da moção de confiança ao Governo PSD/CDS-PP ditou a sua queda, a dissolução do parlamento e a marcação de legislativas antecipadas, a 18 de maio. 

"Nós não somos partidários, mas os factos são estes: O PS votou contra o voto eletrónico. Portanto, não sabemos o que é que irá acontecer se o PS vencer as eleições, se vai manter essa postura", observou o conselheiro, garantindo que os conselheiros vão continuar a "lutar em conjunto" para avançar nesse sentido. 

Também o plano de deportações previsto pelo executivo norte-americano, presido por Donald Trump, foi discutido pelo CRAN, com Paulo Pereira a recusar alarmismo, assegurando que "o problema, nesta altura, não é exacerbado". 

"Temos falado muito nas nossas reuniões sobre isso. (...) Mas, posso dizer que uma parte dos conselheiros acredita que quanto mais atenção nós chamarmos para a população portuguesa, mais problemas vamos trazer. O problema nesta altura não é exacerbado. Não temos um grande número de portugueses a serem deportados", advogou. 

No entanto, o conselheiro sublinhou que "é importante haver um plano do Governo" de auxílio e apoio aos portugueses que possam vir a enfrentar uma deportação. 

"Esse plano ainda não é conhecido. Nós sabemos que o Governo aparentemente tem um grupo de advogados preparado para auxiliar. É a única coisa que sabemos. O próprio secretário de Estado [das Comunidades] já disse várias vezes que há um plano, só que ainda não o divulgou. Portanto, não sabemos muito bem qual é", admitiu. 

Trump prometeu a maior operação de deportação massiva da história dos Estados Unidos, durante a campanha eleitoral que antecedeu a sua eleição. 

No final de fevereiro, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, disse na Assembleia da República que não se registaram deportações de portugueses desde o anúncio de Trump de uma deportação massiva. 

Leia Também: Comunidades portuguesas querem voto eletrónico nas Presidenciais de 2026

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