25 Abril. Marcelo pede "mais doação do que proclamação" e "novas metas"

O Presidente da República pediu hoje que evocações de datas como o 25 de Abril sejam "mais doação do que proclamação" e que se procure "novos caminhos" e "novas metas" com espírito "exigente, renovador".

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© Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images

Lusa
25/04/2025 14:02 ‧ há 6 horas por Lusa

País

25 Abril

Marcelo Rebelo de Sousa deixou este apelo no fim do seu discurso na sessão solene comemorativa do 51.º aniversário do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República, em que elogiou a vida e obra do Papa Francisco associando a sua mensagem aos valores de Abril.

 

Segundo o chefe de Estado, o exemplo do Papa Francisco convida a "que as evocações como a de hoje, a do 25 de Abril, sejam mais doação do que proclamação, mais encarnação de serviço do que afirmação de missão já cumprida, mais futuro do que passado" e a "que se não confunda o fundamental com o acessório, o duradouro com o efémero".

O Presidente da República acrescentou que "o duradouro é o espírito que deve ser exigente, renovador, desbravador de novos caminhos, de novas metas, com a sua vivência mobilizadora", enquanto "o efémero é a autocontemplação de cada momento, o auto comprazimento de cada aparente sucesso, a autoflagelação de cada infortúnio".

"Estas sessões existem para que o duradouro seja mesmo duradouro e o efémero seja mesmo efémero. 25 de Abril sempre? Sim, sobretudo se com a incessante busca dos valores, o pleno e descomplexado abraço a todas as pessoas e a atenção a todas as coisas, e a radical humildade que viveu e nos ensinou a viver Francisco", defendeu.

"Que para sempre viva esse espírito. Viva a liberdade, viva a democracia, viva Portugal", exclamou.

Antes, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou o modo como o Papa Francisco vai ser enterrado, no sábado, "num recanto de um templo, por detrás de uma discreta porta", num caixão "sem nome se não o seu, Francisco".

"A recordar-nos que o infinitamente maior é infinitamente o mais pequeno de todos, e de que assim terminaremos todos, terminarão os que dominavam ou pensavam dominar o mundo: em pó ou cinza. Um sinal convidativo da pobreza material e espiritual, a não esquecer nunca", considerou.

O Presidente da República apontou o Papa Francisco como exemplo também pela humildade: "A humildade de reconhecer o erro, de reconhecer a imperfeição, de reconhecer a necessidade do recomeço".

É preciso um mundo "sem senhores absolutos, monopolistas da verdade, donos da vida dos demais, pelo contrário, humildes, servindo os outros do começo ao fim da vida", defendeu.

No seu discurso, o chefe de Estado comparou a situação do país há meio século com a atual, referindo que "o 25 de Abril nasceu também num ambiente nacional de negação das liberdades, de proibição do pluralismo, de ausências básicas de saúde para mães, recém-nascidos e crianças, de taxas dramáticas de mortalidade infantil".

"De curta e insuficiente escolaridade obrigatória, de incipiente segurança social para trabalhadores rurais, para trabalhadores domésticos, para alguns setores da indústria e serviços. E, ao mesmo tempo, de um milhão de emigrantes forçados, de guerras sem horizontes de paz", completou. 

Quanto à situação atual, Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que ainda há "tantos e tantos nacionais ou estrangeiros, emigrantes e imigrantes, flagelados por antigas, novas e novíssimas pobrezas, sem abrigo, com abrigo mas sem casa, com direitos e liberdades formalmente reconhecidos numa Constituição, mas suprimidos", ou seja, "sem garantias substanciais há 50 anos". 

O Presidente da República afirmou que, perante os antigos e novos desafios, internos e globais, "não basta o espírito, é preciso vivê-lo, dia após dia, ano após ano, década após década, dando-lhe viço para não estiolar". 

[Notícia atualizada às 14h03]

Leia Também: "Falarei de Francisco e do que pode ter a ver com o 25 de Abril"

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