"O ministro disse hoje em sede de comissão que ele próprio, a começar hoje, iria averiguar todo o circuito dos pedidos de autorização para a utilização deste tipo de medicamentos nos doentes com hepatite C. Esse inquérito tem de ser ultrarrápido e amanhã [quinta-feira] o ministro tem de esclarecer o país", afirmou, nos passos perdidos.
Questionada sobre se o responsável governamental tem condições para se manter no cargo, a parlamentar bloquista defendeu que se devem apurar "todas as responsabilidades, a todos os níveis", num processo que classificou de "muito grave".
"Agora, há aqui a responsabilidade do ministro, a responsabilidade política do Governo. É ele que tem de responder perante os cidadãos e as cidadãs. Não se pode perder nem mais um dia. Pode ser qualquer um de nós a ter uma doença como esta, que não tem cura, e a saber que está ali um medicamento e que o seu Governo não faz tudo para lhe salvar a vida", disse.
No final da audição parlamentar, o ministro da Saúde recebeu os filhos de duas doentes com hepatite C, tendo garantido que iria averiguar a razão de uma das doentes ter falecido na sexta-feira sem receber um medicamento inovador.
A farmacêutica Gilead, detentora do medicamento inovador para a hepatite C, informou posteriormente que a doente que morreu na sexta-feira vítima da doença podia ter tido acesso ao fármaco sem qualquer custo para o Estado.
Na nota hoje enviada à agência Lusa, a Gilead disse nunca ter recebido qualquer nota de encomenda para o uso do medicamento na mulher de 51 anos, apesar de o laboratório o ter disponibilizado. A Gilead recorda ainda que, no dia 16 de janeiro, foi acordado com o Ministério da Saúde o acesso sem custos ao medicamento para a hepatite C para os 100 doentes mais urgentes.