Em declarações aos jornalistas, o responsável do movimento considerou que esta manifestação trouxe até Lisboa cerca de 40 mil pessoas em defesa dos contratos de associações celebrados entre o Estado e os colégios privados e cooperativos.
Manuel Bento disse acreditar que com a manifestação de hoje o Governo de António Costa retroceda na decisão de alterar alguns dos contratos assinados em 2015.
"Tenho que acreditar [num retrocesso] porque eu não acredito que alguém possa ser tão mau que não queira aceitar a nossa razão e acima de tudo que não queira proteger as nossas crianças", apontou o responsável.
De acordo com Manuel Bento, os motivos da manifestação têm a ver com o facto de "o Estado não estar a cumprir com aquilo que foi acordado".
Nesse sentido, deixou a garantia de que os protestos irão manter-se pelo "tempo que for necessário", sublinhando que o número de pessoas que aderiu à manifestação de hoje mostra a força do movimento e destas escolas.
"Isto de facto mostra a força da nossa razão. Ter aqui mais de 40 mil pessoas a lutar pelos seus filhos, a lutar por escolas de qualidade dá-nos uma força enorme e estamos certos que a razão é nossa e que haveremos de vencer", disse Manuel Bento.
Os manifestantes concentraram-se esta tarde frente à Assembleia da República, num protesto que trouxe pessoas de Norte a Sul do país, numa ação contra as alterações aos contratos de associação que o Governo atual quer aplicar.
Entre os vários milhares de manifestantes estavam, pelo menos, dois rostos conhecidos da política nacional, que quiseram demonstrar solidariedade para com as reivindicações do Movimento em Defesa da Escola Ponto.
O deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares disse que a decisão do Governo não é racional, apontando que as pessoas mais afetadas com a decisão são as famílias de poucos recursos económicos.
Acusa o Governo de António Costa de "preconceitos ideológicos" contra "um conjunto de escolas que há muitos anos estão a fazer um serviço que é um serviço público".
Frisou que a despesa com os contratos de associação representa menos de 0,1% do total da despesa do Ministério da Educação, defendendo que se mantenha um sistema que "garantidamente está a funcionar" e propondo que se equacione a possibilidade de encerrar escolas públicas nos casos em que se prove que são mais caras para o Estado.
Já o deputado social-democrata Duarte Pacheco gostava que o "bom senso imperasse no Ministério da Educação", mas admitiu que "a esperança não é muita", uma vez que "está comandado por forças estalinistas", admitindo referir-se ao líder da Fenprof, Mário Nogueira.
"Enquanto há vida há esperança e pode ser que o bom senso, o sentido de responsabilidade, o sentido de Estado, o sentido de compromisso, que até o Presidente da República tem pedido, possa chegar ao Ministério da Educação. Era bom para o país, para todas estas crianças, para todas estas escolas", defendeu Duarte Pacheco.
Enquanto mãe de quatro crianças, Margarida Miranda, 50 anos, entende que está em causa a liberdade de ensino e frisou que a "riqueza de uma sociedade é a diversidade", entendendo que cabe ao Estado proteger "quem se organiza e cria projetos educativos diferentes".
Já Celeste Machado, professora no Colégio Dom José I, em Aveiro, contou à Lusa que no estabelecimento onde trabalha poderão encerrar seis turmas e que se trata de uma escola que dá apoio a vários alunos com necessidades educativas especiais (NEE).
António Franco Carvalho, diretor pedagógico do Colégio da Imaculada Conceição (CAIC), em Cernache, disse que naquele estabelecimento poderá estar em causa a transferência de dez turmas, o equivalente a cerca de 300 alunos, "de forma administrativa, quando todos os alunos querem ficar no CAIC".
[Notícia atualizada às 19h22]