Especialista defende passes sociais mais flexíveis

Um especialista em transportes defendeu hoje maior flexibilidade nos passes sociais e que muitos transbordos nos transportes públicos levam os utentes a preferir o transporte individual.

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Lusa
20/06/2016 14:52 ‧ 20/06/2016 por Lusa

País

Transportes

José Manuel Viegas, secretário-geral do International Transport Forum da OCDE, falava hoje na Conferência "Da mobilidade à acessibilidade -- Os transportes nas cidades portuguesas em 2030", que se realiza no Instituto Superior Técnico (IST).

Para o investigador, o maior inimigo do transporte público é a necessidade de fazer transbordos, que leva sempre a que os utentes gastem muito tempo nas viagens e acabem por recorrer ao transporte individual.

"O transporte público em Lisboa ou Porto é de boa qualidade para quem tem a sorte de usar a mesma linha. Quando tem de fazer transbordos, eles dão cabo da capacidade de chegar rápido ao destino", afirmou.

Nesse sentido, sugeriu a necessidade de transportes mais diretos, como autocarros mais pequenos e transporte porta-a-porta, o que hoje é uma solução possível "com a integração digital".

Por outro lado, o especialista criticou o atual modelo de passe social, que "não deveria funcionar 30 dias consecutivos, mas ser mais flexível e permitir a sua utilização consoante a necessidades dos passageiros".

"Há utentes que não compram o chamado passe social porque só precisam dele dois dias por semana, por exemplo, e como o passe não é flexível, acabam por usar sempre o carro. Se o passe fosse mais flexível, era possível retirar mais carros do centro da cidade", salientou.

O investigador sugeriu ainda que, em vez de subsidiar todos os utilizadores através das autoridades de transporte, os subsídios de transporte para pessoas carenciadas deveriam ser atribuídos através das instituições de proteção social que existem e conhecem os dossiês das pessoas.

"Não faz muito sentido que todos os passageiros viajem apenas pagando uma pequena parte do seu custo. Os custos, existindo, são sempre pagos por alguém", considerou, realçando que "em Portugal, o problema [dos custos] sistematicamente não tem sido resolvido, o que o prova os défices anuais das transportadoras, que ano apos ano aumenta".

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