O sindicato Renovação e Democracia defendeu que a decisão de José Manuel Durão Barroso de integrar os quadros do Goldman Sachs como 'chairman', um cargo não executivo, "afeta os funcionários" da Comissão Europeia.
"Os funcionários desta instituição a que presidiu durante dez anos são também vítimas da sua decisão, que só teve em conta os seus interesses privados, enquanto a simples decência nunca deveria levá-lo a aceitar tal função", escreveu o sindicato.
A carta, assinada pelo presidente do sindicato, Cristiano Sebastiani, apelou ainda à renúncia do cargo, "nomeadamente pela aplicação do artigo 245" dos tratados, que estipula que os membros da Comissão Europeia assumem o "compromisso solene de respeitar, enquanto estiverem em funções e após a cessação das mesmas, as obrigações decorrentes do cargo, nomeadamente o dever de honestidade e discrição relativamente à aceitação, após essa cessação, de determinadas funções ou benefícios".
O Renovação e Democracia sustentou que "neste caso", é claro o problema da compatibilidade entre a aceitação do lugar no banco de investimento com "os deveres de integridade e discrição".
"Além do debate jurídico, é de uma decisão moral que se trata antes de mais", considerou Sebastiani, que pede a Durão Barroso que "reconsidere a sua posição".
Durão Barroso, que presidiu à Comissão Europeia durante dois mandatos, de outubro de 2004 a outubro de 2014, vai ser presidente não executivo do Goldman Sachs International (GSI), sediado em Londres, já a partir deste mês.
Em comunicado, o GSI indicou que, em relação a Durão Barroso, que a "sua perspetiva, capacidade de avaliação e aconselhamento irão acrescentar muito valor ao Conselho de Administração da Goldman Sachs International, à Goldman Sachs, aos seus acionistas e trabalhadores".