Este sábado é dia de luto nacional em Itália, dia em que serão realizados funerais com honras de Estado para algumas vítimas do sismo de 6,2 na escala de Richter que atingiu o centro do país na madrugada de quarta-feira.
O último balanço da Proteção Civil italiana dá conta de 281 vítimas mortais e 388 feridos. A esperança de encontrar sobreviventes esmorece, com a suspensão de operações de resgate e salvamento.
Amatrice, Arquata del Tronto e Accumoli foram as cidades mais afetadas, atingidas por mais de 920 réplicas desde o primeiro abalo.
Há pouco mais de uma semana, foi registado um sismo de 4,1 na escala de Richter, com epicentro na zona do chamado Canhão da Nazaré, em Peniche, mas poucos foram aqueles que sentiram o chão tremer.
“Em comparação com Itália, a perigosidade sísmica de Portugal continental é inferior, ou seja, a probabilidade de ocorrência é mais baixa, mas não é negligenciável”, diz ao Notícias ao Minuto Fernando Carrilho, chefe da divisão de Geofísica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
O especialista lembra que “fenómenos como o sismo de 1775 irão repetir-se no futuro. Sabemos que assim será, simplesmente são fenómenos com períodos de ocorrência muito grandes” e imprevisíveis.
No IPMA, o departamento de sismologia é responsável pela monitorização e vigilância sísmica de todo o território, mas “não é possível prever um terramoto nem avisar a população com antecedência”.
Existe, contudo, um “sistema de aviso rápido às autoridades: Assim que um sismo ocorre é imediatamente avaliado, estimado o seu impacto possível e comunicada essa informação aos serviços de Proteção Civil para eventual ativação dos planos de emergência”.
“Quando nos apercebemos de um sismo ele já está a acontecer. A única coisa que será possível fazer no futuro, e que neste momento já se consegue fazer no Japão, por exemplo, é antecipar em alguns segundos a chegada das ondas sísmicas mais destrutivas”, explica Fernando Carrilho.
E quão destrutivo seria um sismo em Portugal? A resposta está na magnitude, medida numa escala de zero a dez, no caso da escala de Richter, ou de I a XII na escala de Mercalli Modificada. Podia não ser sentido, se fosse um sismo de até 2,9 na escala de Richter/ I na escala de Mercalli, ou ser extremamente destrutivo.
Depende também da arquitetura dos locais afetados. Fernando Carrilho dá o exemplo da capital. “Em Lisboa, onde o risco sísmico é mais elevado, as construções antigas estão sujeitas a danos, mas é expectável que as construções mais modernas, erguidas após termos começado a ter códigos de construção anti-sísmica, a partir dos anos 50, resistam”.
O que fazer para se proteger de um sismo?
Antes:
Elabore um plano de emergência para a sua família. Certifique-se que todos sabem o que fazer e ensine todos a desligar a eletricidade e cortar a água e o gás;
Prepare a sua casa por forma a facilitar os movimentos, libertando os corredores e passagens, arrumando móveis e brinquedos.
Organize o seu kit de emergência: reúna uma lanterna, um rádio portátil e pilhas de reserva para ambos, bem como um extintor e um estojo de primeiros socorros;
Armazene ainda água em recipientes de plástico e alimentos enlatados, para dois ou três dias;
Identifique os locais mais seguros, distribuindo os seus familiares por eles: vão de portas interiores, cantos de paredes-mestras, debaixo de mesas e de camas. Mantenha uma distância de segurança em relação a objetos que possam cair ou estilhaçar;
Conheça os locais mais perigosos: junto a janelas, espelhos, candeeiros, móveis e outros objetos, elevadores e saídas para a rua;
Fixe as estantes, os vasos e floreiras às paredes da sua casa e coloque os objetos pesados, ou de grande volume, no chão ou nas estantes mais baixas;
Durante:
Se estiver dentro de casa, nunca utilize elevadores; Abrigue-se no vão de uma porta interior, nos cantos das salas ou debaixo de uma mesa ou cama; Mantenha-se afastado de janelas e espelhos e tenha cuidado com a queda de candeeiros, móveis ou outros objetos.
Se estiver na rua, dirija-se para um local aberto com calma e serenidade, longe do mar ou cursos de água; não corra nem ande a vaguear pelas ruas; Mantenha-se afastado dos edifícios (sobretudo dos mais degradados, altos ou isolados) dos postes de eletricidade e outros objetos que lhe possam cair em cima; afaste-se de taludes, muros, chaminés e varandas que possam desabar.
Se estiver num local com grande concentração de pessoas, fique dentro do edifício, até o sismo cessar. Saia depois com calma, tendo em atenção tudo o que possa cair; Não se precipite para as saídas: As escadas e portas são pontos que facilmente se enchem de escombros e podem ficar obstruídos por pessoas que tentam deixar o edifício.
Se estiver a conduzir, pare a viatura longe de edifícios, muros, taludes, postes e cabos de alta tensão e permaneça dentro dela.
Depois:
Mantenha a calma e conte com a ocorrência de possíveis réplicas; Não use ainda os elevadores;
Não fume, nem acenda fósforos ou isqueiros, uma vez que pode haver fugas de gás; Corte a água e o gás e desligue a eletricidade;
Cumpra as recomendações que forem difundidas pela comunicação social;
Limpe urgentemente os produtos inflamáveis que tenham sido derramados;
Evite passar por locais onde existam fios elétricos soltos.
Não utilize o telefone, exceto em caso de extrema urgência;
Não circule pelas ruas para observar o que aconteceu, liberte-as para as viaturas de socorro.