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A greve dos técnicos de diagnóstico pode (ou não) acabar hoje

Classe está em greve desde 16 de novembro e reúne hoje com o Governo para saber se os compromissos assumidos pelo Executivo vão ou não ser cumpridos.

A greve dos técnicos de diagnóstico pode (ou não) acabar hoje
Notícias ao Minuto

08:25 - 25/11/16 por João Oliveira

País Sindicatos

Já se prolonga, desde dia 16 de novembro, a greve dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica. Esta paralisação, refira-se, já era para ter começado em finais de outubro, mas foi suspensa perante garantias do Governo dadas à classe e que, entretanto, não chegaram a ser concretizadas.

Pelo caminho, já foram cancelados milhares de exames e consultas, tal como cirurgias programadas, que foram, entretanto, adiadas para uma data indefinida, a mesma para o qual está prevista o fim da greve. Em causa está o não-reconhecimento e regulamentação da profissão, a desatualização das tabelas salariais, casos de sobrecarga laboral e políticas de empregabilidade inexistentes.

A primeira reivindicação que a classe faz ao Governo prende-se com reconhecer a profissão em Diário da República, atualizando por consequência os níveis remuneratórios e a progressão na carreira.

“Trabalho há 12 anos e tenho colegas que entraram cinco anos depois de mim que ganham mais do que eu. O que eu estou a ganhar neste momento é o que vou ganhar até ao final da minha carreira. É isso que parece estar estipulado”, denuncia ao Notícias ao Minuto a técnica de diagnóstico Maria João Pinho.

Na profissão há mais de uma década, a funcionária do serviço de radiologia do Hospital de Santo António, no Porto, diz que “existem vários tipos de contratos” a serem feitos e que, tal como ela, há outros profissionais cujas carreiras têm permanecido estagnadas há já muito tempo. “Tenho colegas nossos com doutoramentos e mestrados que, efetivamente, não se refletem em nada em termos de competências”, exemplifica. (Abaixo, está um exemplo, denunciado e enviado ao Notícias ao Minuto, dos diferentes tipos de trabalho que são assinados por profissionais da mesma classe).

Notícias ao Minuto

São casos como este que o sindicato quer extinguir de vez. Ao Governo, já foram inclusive feitas sugestões como o reconhecimento imediato da carreira em Diário da República e a atualização da tabela salarial apenas em 2018, para “não prejudicar as contas deste Orçamento do Estado”, mas aquilo que tem acontecido é apenas um adiamento constante das decisões que estão por tomar.

“Os poucos contratos de trabalho que são feitos são individuais e não coletivos, o que leva a que cada um faça o contrato que entende”, relata ao Notícias ao Minuto Anabela Serafim, delegada do Sindicato dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica. A representante sindical diz ainda que, além desta política de contratação diferenciada, existem casos de sobrecarga laboral que acabam por não ser recompensados.

“O facto de o país estar – como nos querem fazer crer – a atravessar uma crise, faz com que cada vez menos haja contratação de profissionais. O trabalho aumenta constantemente, os profissionais são cada vez menos e os que existem têm de dar resposta a cada vez mais pessoas. Acaba por trazer um acréscimo de horas extraordinárias que depois não são pagas, vão para bolsa de horas, e depois não há tempo para tirar as horas que são dadas a mais. É um ciclo vicioso”, descreve.

Enquanto estas problemáticas não ficarem resolvidas, a greve irá manter-se “por tempo indeterminado”. Contudo, o Ministério da Saúde já se comprometeu a reunir-se hoje com a classe para tentar fechar o processo de negociação, e Anabela Serafim diz-se “otimista” sobre aquilo que está para ser decidido. “Acredito que o ministro honre a palavra. Caso isso não aconteca, a greve vai continuar”, reitera.

Por enquanto, estes profissionais continuarão a fazer o mesmo que têm feito até agora: “assegurar os serviços mínimos, ou seja, atender a casos de urgência”. No entanto, esta greve, com “uma adesão diária de 80%”, tem tido um forte impacto no Serviço Nacional de Saúde. “É de lamentar, porque os mais prejudicados são os utentes. Mas embora lhes custe, eles estão solidários connosco, até porque, para serem mais bem atendidos, têm de ter profissionais motivados”, lamenta, em tom conclusivo, a delegada do sindicato.

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