A propósito da morte do ex-Presidente da República, que faleceu no sábado, Nelson Ponta-Garça considerou Mário Soares "uma das maiores referências e figuras políticas das últimas gerações".
"As últimas grandes vagas de emigração deram-se perto da altura da revolução. É natural que muitos emigrantes sintam alguma revolta e que lhe atribuam alguma responsabilidade sobretudo os retornados das antigas colónias", adiantou.
No entanto, prosseguiu Nelson Ponta-Garça, "a grande maioria dos mais de cinco milhões de Portugueses espalhados pelo mundo sentem hoje um grande pesar pela partida de uma das figuras políticas portuguesas mais visíveis em todo mundo".
"A sua coragem e a defesa da república e da democracia são de louvar", disse.
Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.
O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.
Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.
Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.