O método inédito, que resolve "um problema da indústria alimentar a nível mundial", foi desenvolvido por investigadores do Colling, grupo do Centro de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC), na sequência de um desafio lançado, nesse sentido, pela Primor Charcutaria-Prima, empresa de produtos alimentares, de Vila Nova de Famalicão.
O novo revestimento de alimentos, que é comestível, é "produzido à base de polímeros e tensioativos naturais", revela a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.
"Apoiada na lista de polímeros e tensioativos naturais aprovados pela FDA (Food and Drug Administration)", a equipa de investigadores, liderada por Filipe Antunes, realizou "um conjunto de complexos estudos" até descobrir "um método inovador de revestimento de alimentos seguro" e "capaz de aumentar a validade dos vários tipos de fiambre fatiado".
O fiambre, depois de desembalado, tem atualmente validade de três dias.
"Tratou-se de um desafio imenso porque foi necessário estudar um vasto leque de variáveis", sublinha Filipe Antunes, citado pela UC.
"Começámos por selecionar os polímeros e tensioativos que reunissem as melhores propriedades para o fim pretendido, realizámos misturas e observámos o comportamento dessas combinações, modificámos algumas propriedades, investigámos as concentrações adequadas para obter um revestimento seguro e eficaz, e realizámos sucessivos testes para avaliar a interação dos polímeros e tensioativos com o alimento", explicita o investigador.
Além disso, os especialistas, que reproduziram em laboratório as condições, quer dos frigoríficos domésticos, quer dos frigoríficos dos supermercados, efetuaram vários estudos microbiológicos para assegurar "um revestimento antibacteriano e que evite a desidratação e oxidação deste tipo de alimentos, adiando a sua deterioração", salienta Filipe Antunes.
O revestimento agora criado é "impercetível aos olhos do consumidor, cumpre as exigências da FDA e pretende aumentar a conservação do fiambre e de outros produtos cárneos após a abertura da embalagem", sintetiza a UC.
Este método inovador, que os seus autores pretendem patentear, "não só resolve um problema da indústria alimentar como também contribui significativamente para a redução do desperdício alimentar", nota Filipe Antunes.
O projeto, cujos estudos foram desenvolvidos ao longo de dois anos, foi financiado por fundos comunitários, em cerca de 600 mil euros, através do programa Horizonte 2020.