"A intenção é boa, mas, vinda de uma câmara municipal, representa um gesto mínimo comparativamente ao que nós fizemos depois dos incêndios do ano passado, quando, só com o trabalho de voluntários, em quatro meses plantámos 7.000 árvores em 10 hectares de terra", afirmou à Lusa Teresa Markowsky, uma das dirigentes da associação ambiental antes designada Movimento Terra Queimada.
A Câmara de Arouca revelou hoje que está a desenvolver, com cerca de 70 proprietários do concelho, um projeto-piloto que visa criar um corredor florestal de 12 quilómetros apenas com 80 mil árvores autóctones mais resistentes ao fogo do que o eucalipto.
"É preciso uma intervenção muito mais forte e urgente, já, no imediato, para acabar com o corte raso de árvores que se está a verificar em Arouca", realçou. "O barulho das motosserras tem sido contínuo e é chocante que numa área que é Rede Natura 2000 se esteja a assistir a este abate de carvalhos, castanheiros, sobreiros, etc., só com o objetivo de libertar espaço para a plantação de eucalipto", afirmou.
Teresa Markowsky admite que esse corte se vem verificando em terrenos de propriedade privada, mas reivindica maior intervenção das autarquias no ordenamento arbóreo do território e também um cadastro florestal que as auxilie na devida fiscalização.
Entretanto, para obtenção de "uma resposta mais rápida" ao problema, o Movimento Gaio lançou uma petição 'online' "contra o corte raso na Serra da Freita e a replantação com eucalipto".
O documento é dirigido não apenas ao Ministério do Ambiente e às câmaras municipais de Arouca, Vale de Cambra e S. Pedro do Sul, mas também ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, que, segundo Teresa Markowsky, "está totalmente calado e continua a permitir o que está a acontecer".
A petição conta já com mais de 1.600 assinaturas e protesta contra "o abate indiscriminado das árvores nativas que sobreviveram à catástrofe" dos incêndios florestais de 2016 na região.
"[Esse corte de árvores] acontece em larga escala e as beiras das estradas que sobem para a Serra da Freita enchem-se com pilhas de madeira de carvalhos, castanheiros e pinheiros, na sua maioria pouco ou nada fustigados pelo fogo", diz o documento que sustenta a petição.
"Adultos ou jovens, grandes carvalhos que podiam dar bolotas e apoiar a criação de um novo bosque são abatidos sem controlo, sem fiscalização, sem qualquer autoridade a visionar e interferir", diz o texto.