Ao todo a Fundação Bial atribuiu 320 mil euros por quatro vencedores, 100 mil para o trabalho sobre o pé diabético e dois prémios de 10 mil euros para projetos sobre cancro e osteoporose.
De acordo com informação da fundação, o Grande Prémio Bial foi para uma equipa liderada por Jaime Cunha Branco, professor e diretor do Serviço de Reumatologia do Hospital Egas Moniz, pelo projeto "EpiReumaPt - Estudo Epidemiológico das Doenças Reumáticas em Portugal".
Através do projeto foram acompanhadas mais de 10 mil pessoas com o objetivo de caracterizar as doenças reumáticas. E concluiu-se que mais de metade da população adulta portuguesa (56%) sofre de pelo menos uma doença reumática, sendo que só 22% dos indivíduos estavam diagnosticados (os outros não estavam e o reumático nem era interpretado como tal).
"Estas ausências de diagnóstico e/ou desinformação surgiram sobretudo nas regiões mais interiores do país e nas zonas limítrofes dos grandes centros urbanos", diz a Fundação em comunicado, salientando os "elevados custos económicos" das doenças reumáticas, estimando a equipa de Jaime Cunha Branco que só em perdas de produtividade se chegue aos 910 milhões de euros, 0,5% do PIB.
O prémio de Medicina Clínica distinguiu o trabalho "Pé Di@bético - soluções para um grande problema", de Maria de Jesus Dantas, responsável pela Consulta Multidisciplinar de Pé Diabético no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa.
O trabalho abarca 18 anos de prática clínica no Centro Hospitalar e diz que os problemas do pé são a principal causa de ocupação de camas hospitalares pelos diabéticos e responsáveis por mais de 60% das amputações não-traumáticas de membros inferiores.
"Os pacientes diabéticos são amputados 15 vezes mais do que os não-diabéticos. Em Portugal são amputados cerca de cinco doentes por dia devido à diabetes", diz-se também no documento da Bial, explicando que o trabalho descreve um plano de tratamento do pé diabético nas suas variadas vertentes e que pode ser implementado nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
Quanto às menções honrosas, uma foi para Bruno Silva-Santos, vice-diretor do Instituto de Medicina Molecular e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, pelo trabalho "Cancer immunotherapy: changing the paradigma" (Imunoterapia do Cancro: Mudar o paradigma), que já deu origem a patentes internacionais e a uma empresa de biotecnologia.
A outra foi entregue ao projeto "Changing the paradigm of osteoporotic fracture prevention in Portugal. From national evidence to clinical practice and guidelines" (Mudar o paradigma da prevenção da fratura osteoporótica em Portugal. Dos dados nacionais à prática e orientações clínicas), de José Pereira da Silva, professor de reumatologia e diretor do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, e a Andréa Marques, enfermeira no mesmo centro hospitalar. Resulta de uma pesquisa de quatro anos sobre osteoporose e fraturas associadas.
O Prémio Bial é atribuído bianualmente e é considerado um dos maiores na área da saúde na Europa, distinguindo a investigação básica e clínica em medicina.
Criado em 1984, o prémio recebeu 655 obras candidatas de 1.591 médicos e investigadores de 20 países. A Fundação BIAL distinguiu já 266 autores responsáveis pelas 99 obras premiadas. No total, já foram editadas 37 obras, distribuídas gratuitamente pela comunidade médica, num total de mais de 312 mil exemplares, segundo os números da Fundação.
A Fundação foi constituída em 1994 pelos Laboratórios Bial, em conjunto com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
Fundada em 1924 a Bial é o maior grupo farmacêutico português.