Hostels portugueses: Vieram para ficar e são dos melhores

Nos últimos anos assistiu-se a um aumento exponencial de hostels em Portugal, com Lisboa e Porto em grande destaque. Mas não é só uma questão de quantidade. A qualidade dos hostels nacionais é muito apreciada por quem nos visita.

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Notícias Ao Minuto
20/08/2017 08:00 ‧ 20/08/2017 por Notícias Ao Minuto

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O fenómeno foi crescendo paralelamente ao crescimento vertiginoso do turismo em Portugal e propagou-se. Os hostels começaram a nascer em Portugal que nem cogumelos. Lisboa e Porto foram as cidades onde este negócio se expandiu de forma mais visível, mas este fenómeno está chegar cada vez mais a outras cidades, a outras regiões do país.

O boom ter-se-á dado por volta de 2014. Foi a partir desta altura que se começou a verificar um aumento significativo neste negócio. Os hostels passaram a fazer parte do tecido imobiliário das cidades nacionais.

Em 2013, ainda não era uma aposta segura investir em hostels, mas foi isso mesmo que Vítor Afonso fez e assim nasceu o Inn Bairro Alto. "Já tinha trabalhado muitos anos em hotelaria. Achei que Lisboa tinha potencial para isso", conta-nos. Potencial esse que não tardou a ser descoberto por cada vez mais turistas e a aposta neste negócio foi ganha.

Um ano depois, já em plena fase de expansão dos hostels em Portugal, Luís Neves e dois amigos decidiram também arriscar e investir num hostel. Estavam desempregados e também eles perceberam o potencial turístico da capital portuguesa. "A tendência era para que o setor crescesse ainda mais", revela Luís Neves, sócio-gerente do So Far So Homely Hostel, que está localizado na Praça Marquês de Pombal.

Tanto o Inn Bairro Alto como o So Far So Homely Hostel decidiram fazer parcerias com sites de reservas de alojamento, sabendo que essa seria uma ferramenta fundamental na era em que grande parte das reservas é feita online. O Inn Bairro Alto pode ser encontrado em três ou quatro sites, onde se inclui o Booking.com. Já o So Far So Homely está no Hostelworld e no Booking.com também. Vítor Afonso e Luís Neves destacam a importância do Booking.com, o site responsável pelo maior número de reservas para os seus hostels.

Estas plataformas também permitem perceber quais os fatores que mais pesam na hora de escolher um hostel. "A primeira escolha dos clientes, quando não há qualquer referência, é a localização. Depois quando já há opiniões passa a haver outras opções para escolher. A opinião das pessoas que ficaram hospedadas é muito valorizada", afirma o diretor-geral do Inn Bairro Alto, Vítor Afonso. Já Joana Afonso, a outra diretora-geral deste hostel, destaca outro fator que até tem sido importante para o aumento do turismo em Portugal. "A segurança é muito importante".

Luís Neves faz evidenciar ainda a limpeza. "Tive hóspedes que disseram que tinham vindo de Paris e que acharam aquilo muito sujo. E acharam o nosso hostel muito limpo". O responsável do So Far So Homely revela que muitos hóspedes partilham esse feedback positivo do seu hostel. Mas o papel do staff do hostel também é bastante valorizado. Uma opinião partilhada por Vítor Afonso. "O português gosta de servir melhor", acrescentando que "se estabelecer um paralelismo com Amesterdão ou Roma, não tem nada a ver com isto".

Mas Luís Neves também faz notar um dos pontos negativos para muitos dos turistas que nos visitam. "As pessoas não parecem é estar habituadas a não haver receção 24 horas por dia, o que deve ser uma particularidade dos hostels portugueses", refere Luís Neves.

A verdade é que os hostels portugueses são muitas vezes referenciados como estando entre os melhores do mundo. Isso mesmo foi referido ao Notícia Ao Minuto por Paul Halpenny, diretor de Logística do Hostelworld.

"Quer sejam novas amizades ou relembrar a noite anterior ao pequeno-almoço, a essência de qualquer hostel é o seu espaço social e a sua hospitalidade que junta pessoas de mente aberta. É isto que os hostels em Lisboa, e a uma escala maior em Portugal, compreenderam e acertaram em cheio. A famosa hospitalidade dos hostels de Lisboa brilha em hostels como o Goodmorning Lisbon, que ganhou o Hoscar (prémio atribuído pelo Hostelworld) de melhor ambiente, já que crítica atrás de crítica aplaude o staff por ir mais além para fazer deste um hostel a que todos queiram voltar".

"A oferta cresceu muito mas a procura quase duplicou"

Mas o crescimento do negócio dos hostels também aumenta a concorrência. No entanto, a enorme procura compensa a maior oferta. "Há mais procura do que havia em 2013. Cresceu ainda mais a procura do que a oferta. A oferta cresceu muito mas a procura quase que duplicou em quatro anos", destaca Vítor Afonso.

Ainda assim, a maior concorrência fez subir o número de cancelamentos. "Reservam um quarto, um mês antes de chegarem cancelam e reservam noutro sítio", afirma o responsável do Inn Bairro Alto. Cancelamentos que são logo colmatados com novas reservas, adianta. A comprovar isso está o facto de nesta altura já terem reservas até março.

A sazonalidade já não tem o peso que tinha antes. "A época baixa está a dissipar-se. Eu sou do tempo em que em agosto os hotéis estavam vazios", realça Vítor Afonso. Uma ideia comungada por Luís Neves. "Época baixa, em média, estamos nos 50%. Época alta estamos cheios".

E se houve uma altura em que os espanhóis dominavam nas nacionalidades que nos visitavam, esse panorama mudou. É possível perceber isso pelas nacionalidades que chegam aos hostels. "Os asiáticos diminuíram desde que não temos camaratas e ficou mais caro. Temos bolos grandes de italianos e franceses", disse Rita Pereira, coordenadora do Inn Bairro Alto, que adianta que há agora um grande número de polacos que se estão a hospedar no hostel, assim como russos.

"Não é a galinha do ovos de ouro que se apregoa por aí"

Mas apesar do sucesso do negócio dos hostels, isso não significa que seja tão rentável como as pessoas poderão imaginar. Até porque uma maior concorrência pode ter um efeito indesejado. "O negócio é rentável desde que as pessoas não pratiquem preços suicidas. Agora menos, mas quando comecei havia pessoas a vender quartos a 25 euros. Mas também não é a galinha do ovos de ouro que se apregoa por aí", diz Vítor Afonso, do Inn Bairro Alto, que acrescenta: "vê-se entrar muito dinheiro mas ele também sai". Até porque é um negócio que implica investimento constante.

Para Vítor Afonso o turismo tem "mexido com a economia" portuguesa de forma positiva. O diretor-geral do Inn Bairro Alto considera que para capitalizar este momento, que acredita que vai continuar, seria importante "um novo aeroporto".

O crescimento do turismo e o aumento dos hostels em Portugal ajuda a explicar a escolha do Hostelworld, que em breve vai abrir um escritório em Portugal. "Faz sentido que escolhêssemos um crescente centro de tecnologia como o Porto para localizar o nosso novo escritório de desenvolvimento. Ainda para mais, Porto e Portugal têm grandes ofertas de qualidade de hostels, o que faz ainda mais sentido para a marca", salienta John O’Donnell, CTO do Hostelworld.

Com o turismo a provavelmente manter os elevados níveis em Portugal, não será de estranhar que continuem a aumentar os números de hostels que abrem portas. E a julgar pelo feedback dos hóspedes mas também de empresas como o do Hostelworld, Portugal deverá manter-se como um dos destinos com melhores hostels a nível mundial. Um fator de orgulho e de valorização para o nosso país. Caso para dizer que é uma casa portuguesa, com certeza!

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