Salamandra, teto falso e portas. Os 'riscos' que podiam travar tragédia

Após a explosão e o incêndio, muito se especulou sobre o que esteve em causa. Agora, a Associação Portuguesa de Segurança dá o seu ponto de vista e aponta vários perigos eminentes.

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Inês André de Figueiredo
15/01/2018 14:47 ‧ 15/01/2018 por Inês André de Figueiredo

País

Tondela

A tragédia ocorrida em Tondela, num centro recreativo onde se realizava um torneio de sueca, resultou na morte de oito pessoas e fez 38 mortos. Muito tem sido dito em relação às possíveis causas, tanto no que toca ao incêndio, como aos acessos para abandonar o local. Mas o que aconteceu, de facto, em Vila Nova da Rainha na noite de sábado?

Com o intuito de ajudar a perceber mais claramente o que se passou, a Associação Portuguesa de Segurança (APSEI) - "a maior associação portuguesa de especialistas de segurança contra incêndio - explica que, apesar de a investigação ainda estar em curso, há “três factos [que] parecem estar fortemente ligados à ignição e ao desenvolvimento do incêndio”.

Trata-se da “instalação incorreta da salamandra com tubagens que atravessavam o teto falso, a existência de materiais altamente inflamáveis e produtores de gases tóxicos no teto e saídas de emergência bloqueadas”.

“A legislação prevê que a grande maioria dos edifícios, inclusive edifícios como este onde está sediada a associação recreativa, seja sujeita a inspeções regulares, a realizar pela ANPC ou por entidade por ela credenciada, para verificação da manutenção das condições de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE) aprovadas e da execução das medidas de autoproteção. No entanto, estas inspeções apenas são efetuadas a pedido do responsável de segurança das instalações ou mediante denúncia, ou seja, não são efetuadas de uma forma continuada e regular pelas autoridades. No caso dos edifícios de baixa categoria de risco, a responsabilidade de fiscalização é dos municípios, na sua área territorial”, explica a associação na nota informativa enviada às redações.

Nesta senda, a secretária geral da APSEI ressalva que é fundamental “impedir a repetição deste terrível incidente e perceber o que é que correu mal”, para que se evitem ocorrências semelhantes.

“Até ao momento, duas lições parecem poder ser aprendidas: a importância da prevenção e a importância da definição e implementação de medidas preventivas de SCI por parte dos responsáveis por edifícios e estabelecimentos, especialmente dos que recebem público e a seleção de materiais e produtos de construção, levando também em conta a sua contribuição para o incêndio, sempre que se decida construir ou renovar instalações.”, explica Maria João Conde.

Desta forma, a associação em causa que há medidas simples a serem tidas em conta, “como verificar regularmente se as saídas de evacuação estão desimpedidas e devidamente sinalizadas e se as portas de emergência estão funcionais”, o que poderia ter tido “um impacto importante na mitigação das consequências deste incêndio”.

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