Os comentários de Nuno Artur Silva no seu perfil de Facebook chegam depois da decisão do CGI reconduzir Gonçalo Reis na presidência da RTP e de cessar as funções dos restantes dois membros, do produtor e de Cristina Vaz Tomé, segundo um comunicado divulgado no dia 25 de janeiro.
O produtor não se refere diretamente à decisão que pôs fim às suas funções na estação, mas sim às consequências. Na mesma mensagem em que agradece “as dezenas e dezenas e dezenas de mensagens que por todos os meios” tem “recebido de amigos, conhecidos, desconhecidos”. O fundador e proprietário da Produções Fictícias diz ter sido “inundado” por contactos de “ouvintes e espetadores dos canais da RTP”, que “não percebem o que se passou e que estão a gostar cada vez mais desta RTP e a encontrar nela a evidência de serviço público”.
O CGI tinha, aquando da sua nomeação, sugerido que Nuno Artur Silva vendesse a empresa e que as Produções Fictícias não tivessem relação com a estação pública, mas verificou-se que o administrador não o fez e que algumas ficções ou ex-colaboradores das Produções trabalharam para a RTP.
O CGI deliberou que existe um “conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados cuja manutenção não é aceitável”, mas vincou que nestes três anos em funções tal vínculo não foi “lesivo da empresa”. Apesar da decisão que o afasta, o organismo considera-o “responsável, nos últimos três anos, pela reconfiguração estratégica da política de conteúdos da empresa, numa ótica de serviço público de media, tarefa que desempenhou de modo altamente meritório e sucessivamente reconhecido pelas instâncias de escrutínio da empresa”.
No texto que Nuno Artur Silva publicou lê-se ainda: “foram três anos empolgantes em que, com excelentes equipas, pudemos concretizar muito do que acreditávamos que devia ser feito. Agora é tempo de regressar ao meu lugar de sempre: um qualquer sítio onde possa ter ideias, escrever e desenvolver projetos com outras pessoas. Continuarei sempre a fazer o que gosto. Com quem gosto. Tenho os inimigos certos. Que mais posso desejar?”.
O atual Conselho de Administração da RTP termina o mandato em fevereiro.