Nas últimas eleições legislativas o inesperado aconteceu: a coligação PSD/CDS foi a que obteve mais votos, mas foi o PS que formou Governo num acordo histórico com o PCP e o Bloco de Esquerda.
Daí surge o termo Geringonça que tanta tinta fez correr, até a nível internacional, sendo apelidada de uma das maiores injustiças da política nacional com sociais-democratas e centristas a acusarem a Esquerda de estar a ficar com os louros de uma recuperação económica que se deve ao anterior executivo.
A propósito deste tema e destas queixas, Vital Moreira recorda que não é a primeira vez que tal acontece. No tempo de Mário Soares foi o PSD o “beneficiário da retoma económica subsequente à crise de 1983-85, enfrentada” pelo histórico socialista e que havia sido provocada pelos anteriores governos sociais-democratas. O mesmo voltou a acontecer, recorda, com António Guterres que esteve seis anos no governo até à “inversão do ciclo económico”. Antes havia conquistado o poder ao derrotar o PSD que, com Cavaco Silva nos comandos, havia beneficiado da “chegada dos fundos europeus”.
Este pequeno regresso ao passado é a forma a que Vital Moreira recorre para afirmar que o “ciclo político da alternância governativa entre o PS e o PSD tende a acompanhar, embora com atraso, o ciclo económico”.
Lembrando que a “perceção sobre a situação económica e social é determinante” no momento de votar, pois “os eleitores tendem a punir nas urnas quem lhes vai ou foi recentemente ao bolso e a premiar eleitoralmente quem lhes põe dinheiro no bolso”, o comentador do blogue Causa Nossa garante que o “PSD só poderá regressar ao governo depois de esgotado o atual ciclo económico, o que não parece estar para breve”.
E mais. Vital Moreira considera que, tendo em conta a história da política nacional, os governos que "apanham a boleia" da retoma económica depois de uma crise não se limitam a cumprir um ano de mandato, e até tendem a reforçar a sua votação na segunda legislatura, como sucedeu com Cavaco Silva em 1987 e com Guterres em 1999”. Por esta razão, a perspetiva para António Costa nas próximas eleições é “positiva”.