Jerónimo de Sousa, que discursou este sábado perante os militantes que preparam a 42ª. Festa do Avante, não fugiu ao tema que tem marcado a agenda política, sobretudo do CDS, a situação nos transportes públicos e no setor ferroviário, em particular, que, em seu entender, “revela de forma nua e crua as consequências da política da Direita”, de “décadas de desinvestimento, de abandono da produção, de privatizações”.
“Há quem, como o CDS, se tivesse algum decoro estava calado. Descobriu agora o transporte ferroviário, hoje é ver até Cristas e outros a andar de transportes públicos a queixarem-se daquilo que eles próprios contribuíram para fazer”, comentou o líder comunista, fazendo alusão às ações que os centristas têm levado a cabo nos últimos dias nos comboios do país.
Mas, se por um lado Jerónimo atira responsabilidades à Direita no atual estado dos transportes em Portugal, também as direciona para o actual Governo.
“PSD e CDS não podem fugir do problema com esta ou aquela manobra de diversão ou simplesmente rasura do passado, mas diga-se, o atual governo do PS não pode também alijar responsabilidades por ter decidido manter por fazer os investimentos necessários”, afirmou Jerónimo, exigindo medidas de investimento e dotação de meios e trabalhadores nas empresas do setor em causa.
Para o líder da PCP, a situação da ferrovia em Portugal é um reflexo da destruição, em 2003, da Soferame, empresa que produzia carruagens no país.
"Foi hoje notícia que a Renfe espanhola não terá comboios para alugar a Portugal. Pouco importa se a notícia tem ou não total fundamento, o que assim revela é a situação de um país desarmado, sem meios, sem capacidade de resposta soberana para os problemas que se acumularam. É um reflexo da destruição, em 2003, da Sorefame, empresa que produzia carruagens", afirmou o líder comunista.
O jornal Público noticiou hoje que a espanhola Renfe não pode ceder material circulante ao Governo português. Porém, numa nota divulgada durante a manhã, o Ministério do Planeamento e Infraestruturas garantiu que a contratação "será realizada nas próximas semanas".
Jerónimo de Sousa indicou que "desde 2002 que não se compram comboios" em Portugal e que, por exemplo, na Linha de Cascais são utilizados "comboios com mais de meio século", com um prazo útil "vencido há mais de cinco anos".