"Extrema-direita pode continuar com jogo sujo. Não me deixo intimidar"
O assessor do Bloco de Esquerda e dirigente da associação SOS Racismo, Mamadou Ba, foi intercetado por militantes do PNR na manhã desta sexta-feira.
© Mamadou Ba/Facebook
Política Mamadou Ba
O assessor do Bloco de Esquerda e dirigente da associação SOS Racismo, Mamadou Ba, foi na manhã desta sexta-feira intercetado por militantes do PNR que o acusavam de promover “ódio racial”. Já ao início da tarde, na manifestação que decorre junto à Câmara Municipal do Seixal na sequência dos recentes acontecimentos no Bairro da Jamaica, Mamadou Ba defendeu, na antena da SIC Notícias, que a abordagem de que foi alvo por parte de elementos da extrema-direita se trata de mais uma “ameaça” que considerou mesmo como “habitual”.
De facto, Mamadou Ba denuncia que desde a passada segunda-feira tem sido alvo de ameaças constantes. Mas, frisou com determinação, “não me deixo intimidar”. Portanto, “o PNR e a extrema-direita podem continuar a fazer o seu jogo sujo e a lei da mordaça. O que me move não é o ódio; mas sim o amor aos meus”.
Na base destas circunstâncias, refira-se, estão publicações que o assessor do Bloco de Esquerda fez nas redes sociais, em que começou por denunciar publicações de polícias que terão apoiado o tipo de intervenção usada no bairro do Seixal no passado domingo. Um pouco mais tarde, numa nova publicação, Mamadou Ba defendeu que até é “uma coisa natural” que “um gajo tenha de aguentar com a bosta da bófia e da facho esfera”, mas que já era “um tanto cansativo” ter de “levar com sermões idiotas de pseudo-radicais iluminados.”
Questionado relativamente à pertinência da expressão que empregou, o dirigente do SOS Racismo defendeu que esta “não pode ser classificada como excessiva, tendo em conta as imagens que foram públicas [da ação da polícia no Bairro da Jamaica]”. A sua reação, justificou, “é de indignação”.
Mamadou Ba concorda com a crítica de que “podia ter escolhido outra palavra, mais coloquial”, porém, se o tivesse feito, acrescentou, talvez "não tivesse levantado celeuma. As imagens, só por si, mostram a violência com que a polícia entrou no Bairro da Jamaica. Quando falamos que existe racismo nas forças de segurança, parece que está mais do que provado com tudo o que viemos a saber ultimamente, inclusive o facto de a PSP ter aberto um inquérito a sites e perfis controlados por agentes da PSP e de outras corporações”.
O assessor do Bloco de Esquerda asseverou ainda que a SOS Racismo está disposta a dialogar. Todavia, “se a direção nacional da PSP entender que deve ter uma conversa com a SOS Racismo ou o movimento, terá de primeiro fazer o trabalho de casa, nomeadamente assumir que existem problemas de racismo e de violência policial no seu seio e que tem um compromisso firme para o combater”. Se há uma vontade de combater racismo dentro da PSP, acrescentou, “só podemos dizer que seja bem-vinda essa vontade e se faça cumprir a lei”.
Frisou inclusive Mamadou Ba que “quase todos os agentes que estiveram envolvidos em violência policial, sendo que alguma dela que resultou em mortos, não foram condenados”. Ora, no seu entendimento, “a impunidade não pode continuar”.
Recorde-se que também Fabian Figueiredo, dirigente nacional do Bloco de Esquerda, denunciou esta quinta-feira ter sido alvo de ameaças de morte.
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