A polémica relacionada com os laços familiares que ‘cosem’ o Governo de António Costa ultrapassou novamente a fronteira e volta a ser notícia em Espanha. O jornal ABC escreveu, esta quarta-feira, que Carlos César bateu “todos os recordes do nepotismo”.
Recorda o jornal que o primo do presidente do Partido Socialista (PS), Francisco Fernandes Gil, foi nomeado gestor da empresa pública Navegação Aérea de Portugal (NAV) e que o primeiro-ministro confirmou a nomeação, em 2016, a pedido de dois ministros socialistas: Pedro Marques, então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, hoje cabeça de lista do PS às eleições europeias, e Mário Centeno, ministro das Finanças e também presidente do Eurogrupo.
Mas, enfatiza o ABC, não terminam neste caso as nomeações para cargos públicos de membros da família do antigo presidente do Governo Regional dos Açores.
A mulher, Luísa César, foi nomeada pelo Governo regional para presidir à estrutura de missão para a Casa da Autonomia, sem concurso público. O filho, Francisco César foi é o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Já a nora foi nomeada chefe de gabinete da secretária regional adjunta para os Assuntos da Presidência (dos Açores) e o irmão mais velho, Horácio do Vale César chegou a ser, já durante o mandato de António Costa, adjunto de João Soares, quando este assumia a pasta da Cultura no atual Governo.
O jornal espanhol relembra que Carlos César já se defendeu destas acusações, garantindo que se trata de “uma tradição de família” e que já os seus bisavós estavam envolvidos na política.
Segundo o ABC, "com o clã César, o número de cunhados, esposas, primos e outros familiares ligados a uma ou outra posição da administração socialista aumenta para 48, a contar com as ilhas”, sendo que, por isso, "há cada vez mais vozes em Portugal que clamam contra esta rede de nepotismo”.
"Os portugueses cansados da deterioração da saúde e da educação gritam agora por causa deste panorama de corrupção quando faltam menos de seis meses para as próximas eleições legislativas”, conclui o artigo.
Recorde-se que, esta quarta-feira, Carlos César defendeu uma discussão que possa permitir “a adoção de um normativo” que ponha “fim a esse regime de calúnia, que é injusto para muita gente” , revelando que o PS vai apresentar na Comissão Parlamentar da Transparência uma proposta para debater a viabilidade de uma iniciativa legislativa para regular as relações entre famílias no Governo e em funções públicas.